Em novembro de 2021, a imagem de Sérgio Moro se filiando ao Podemos rodou o Brasil inteiro. No evento, o ex-juiz despiu-seda pose de magistrado e deixou finalmente às claras suas intenções de entrar para a política. Já o Podemos usou a filiação como um trunfo e valorizou o nome de Moro de olho em uma candidatura à Presidência.
Agora, menos de três meses depois, Moro pode sair Podemos e ir para o União Brasil, partido formado pela fusão entre DEM e PSL.
A possível mudança gerou desconforto dentro do Podemos, obviamente. A cúpula da legenda, como alguns parlamentares ouvidos pra coluna, veem Moro agindo por conveniência pulando de partido em partido. Se comprometeu com o Podemos e agora quer ir para uma legenda que tem mais tempo de televisão.
A atitude, inclusive, dá munição para que Moro seja ainda mais atacado pelos eleitores de Lula e Bolsonaro, na avaliação desses parlamentares.
A interlocutores, no entanto, Moro tem dito que o problema é o Podemos. A legenda não tem conseguido acordo nos estados e o ex-juiz acredita que precisa resolver essa questão para seguir adiante com seus planos de disputar a presidência.
O desgaste causado pela situação já existe, tanto para Moro como para o Podemos. Para o partido, será difícil explicar aos seus filiados a saída do ex-juiz que foi recebido com pompa e expectativas.
Uma das opções que tem sido levantada diante da possível mudança de Moro é colocar Renata Abreu, presidente do Podemos, como vice numa chapa com o ex-juiz.
Enquanto não define o que fará em seu futuro político, Moro também não consegue decolar nas pesquisas. Primeiro, ele precisa decidir onde vai ficar para, depois, traçar uma estratégia que lhe dê mais votos e mais chances em outubro.