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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O aceno que pode ser decisivo para Lula

Criadores do Plano Real se posicionam a favor do petista: os liberais democratas

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 out 2022, 11h07 - Publicado em 7 out 2022, 08h50
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  • Além dos apoios importantíssimos da senadora Simone Tebet e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que representam parte da centro-direita no país, Lula tem agora outros apoiadores importantíssimos que representam o liberalismo democrático e comprometido com a condução responsável da economia: os criadores do Plano Real.

    Nesta quinta, 6, os economistas Edmar Bacha, Pedro Malan e Persio Arida declararam voto em Lula no segundo turno. Na terça, 4, Armínio Fraga já havia declarado seu apoio ao petista.

    Os quatro foram os criadores do Plano Real no país durante os governos Itamar Franco e FHC e fizeram trabalhos importantíssimos no Banco Central, BNDES e Ministério da Fazenda.

    O apoio dos economistas mostra o que realmente está em jogo nessa eleição. O país está passando por uma crise econômica e vivendo retrocessos como a volta ao mapa da fome, mas o que está mais em jogo nesse momento é a questão democrática. Até porque, ela é definidora para resolução dos outros graves problemas.

    O fato de os criadores do Plano Real decidirem se unir a Lula é um movimento claro de quem está priorizando a democracia. Embora sejam todos liberais na economia, eles fazem parte de um grupo do liberalismo que manteve determinados limites éticos, ao contrário de liberais que apoiam Jair Bolsonaro, na minha opinião.

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    Há uma parte do liberalismo que sempre conviveu com o autoritarismo, o que é uma contradição. Se você é liberal, não dá para ser só na economia. A primeira de todas as liberdades é a liberdade política, a liberdade democrática.

    Mas uma parte do pensamento liberal econômico, não todo, sempre conviveu com o autoritarismo e às vezes da forma mais brutal, como aconteceu no Chile quando os liberais da Escola de Chicago fizeram a política econômica do Pinochet. Eram todos jovens, as pessoas estavam sendo assassinadas pelo regime do general e eles falando em liberalismo.

    No Brasil, isso aconteceu com menor intensidade, mas um clássico liberal foi Roberto Campos, que também foi trabalhar na ditadura militar brasileira. Outro exemplo daquela época foi o economista Delfim Netto.

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    Agora, mais recente, Paulo Guedes, também expoente da escola de Chicago, aderiu ao bolsonarismo, o movimento do presidente que defende as barbáries do regime militar brasileiro, incluindo a tortura e assassinato de presos políticos.

    Um dos exemplos dessa nova corrente no Brasil é o Partido Novo, que traz essa contradição. Não briga pela liberdade política, briga pela liberdade econômica e mostra que pode ser um braço do bolsonarismo.

    Lula se fortalece ainda mais com uma centro-direita democrática ao seu lado. Conscientes de que esse é um momento de se unir pela democracia, até mesmo os pensamentos liberais mais enraizados abrem espaço à sensatez de apoiar um ex-presidente que tem tem uma trajetória de respeito à constituição.

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