Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

O caso Moïse e o racismo nosso de cada dia 

Artigo do teólogo Rodolfo Capler afirma  que “a morte de Moïse é simbólica, pois revela o racismo que predomina no Brasil”

Por Rodolfo Capler
6 fev 2022, 10h13
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Na penúltima segunda-feira, 24, a morte brutal do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, comoveu o Brasil. O jovem que trabalhava servindo mesas num quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi agredido a pauladas até a morte por quatro homens. As imagens das agressões registradas pelas câmeras de segurança, cedidas à polícia pelo proprietário do quiosque, chocaram o país. 

    A morte de Moïse é simbólica, pois revela o racismo que predomina no Brasil. Por aqui, insultar, humilhar, agredir e matar negros é coisa banal. Após 133 anos da abolição da escravatura, o racismo racial ainda comanda toda a lógica da sociedade brasileira e das classes sociais em luta. É ele quem deslinda as alianças, os conflitos e as oposições entre as classes. Em suma, o racismo racial comanda a sociedade brasileira em todas as suas instâncias. 

    Segundo o testemunho de familiares de Moïse, o jovem teria sido morto por cobrar dois dias de pagamentos atrasados de seu empregador. Isso foi o necessário para que o espancassem, o humilhassem, o amarrassem e o matassem – algo estarrecedor, porém muito típico em casos de violência racial. Visto que o racismo racial pode ser compreendido, segundo a definição do sociólogo Jessé Souza, como antes de tudo, “a negação do reconhecimento social em suas multiplas formas”, o caso Moïse é apenas um emblema do racismo estrutural que corre pelas nossas veias sociais.

    No Brasil, o negro é vítima da violência mais covarde. É animalizado como “tração muscular” em serviços pesados e é estigmatizado como trabalhador manual desqualificado. Dele é exigido que se torne trabalhador orgulhoso de seu trabalho, porém quando reage ao não reconhecimento de seus direitos trabalhistas é visto como “inimigo da ordem” e sofre por isso. É justamente daí que vem o uso sistemático da violência pela polícia e pela própria sociedade civil, como forma de intimidação, repressão e humilhação ao negro no Brasil. Infelizmente, isso foi o que ocorreu com o jovem Moïse, que refugiou-se no Brasil fugindo da guerra em seu país. Mal sabia ele que por aqui o jovem negro é vítima de extermínio todos os dias. 

    Que haja justiça para Moïse e que a sua trágica morte seja mais um alerta de que não só a explicitação do racismo racial deve ser denunciada e repelida em nossa sociedade, como também as causas de sua estruturação. 

    * Rodolfo Capler é teólogo, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.