O esforço da CPI para manter Ernesto Araújo na realidade
O ex-chanceler acha que trava batalha ideológica terminal contra o ateísmo globalista. O desafio será mantê-lo no tema

No depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo nesta terça-feira, 18, o que se verá é um dos mais radicais integrantes da ala que foi definida como “ideológica” (por falta de outro termo). Fundamentalista seria melhor, talvez.
Ernesto Araújo estará na CPI da Covid-19 por não ter feito nada do que se espera que seja feito por um ministro das Relações Exteriores no período de pandemia. Deveria ter iniciado diálogos, aberto possibilidades de acordos de cooperação que levasse o Brasil aos desenvolvedores e fornecedores de vacinas.
Mas o ex-chanceler fez o oposto. Ignorou os contatos que países desenvolvedores tentaram estabelecer, como a Índia, e atacou a China.
Ernesto faz parte de um tipo bem específico dentro do que se chama de Bolsonarismo. É aquele que está convencido de que trava uma batalha terminal entre o mundo ocidental e cristão, o nacionalismo, contra o globalismo ateu. Pense?
Segundo informado à coluna, ele deverá ficar em delírio na CPI contra esses inimigos invisíveis. Caberá aos senadores, no interrogatório, trazê-lo à realidade. Ele não apenas neutralizou o Itamaraty, mas usou o Ministério das Relações Exteriores contra o objetivo de conseguir vacinas e proteção contra a pandemia.
Ernesto recentemente também fez críticas ao governo Jair Bolsonaro. Depois de ser demitido, disse recentemente que o governo perdeu a alma e o ideal.
Qualquer crítica que fizer ao governo Bolsonaro será no sentido de que ele queria mais radicalismo na proposta e não que tenha errado no combate à pandemia.
Se Ernesto for Ernesto, dará um depoimento apenas exótico, a menos que os senadores o mantenham com o pé no chão.
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