A manutenção dos mesmos números de Lula e de Bolsonaro na pesquisa Ipec divulgada nesta segunda, 29, ofusca o fato de que o petista e o atual presidente têm, sim, motivos para se alegrar, mas também para se preocupar com o levantamento.
Mesmo que, no geral, a diferença entre os líderes da disputa esteja igual nos últimos 15 dias, um olhar com lupa mostra que, entre os mais pobres – o maior estrato socioeconômico de eleitores –, houve alterações importantes.
Enquanto há 15 dias Lula tinha 60% das intenções de voto na fatia do eleitorado que ganha até um salário mínimo, hoje o petista tem 54%. Já Bolsonaro subiu de 19% para 22%, ganhando um pouco de musculatura, mas menos do que o esperado após o início do pagamento do “novo” Auxílio Brasil.
Quando se foca nos eleitores que ganham de um a dois salários mínimos, Lula também cresceu, de 44% para 47%, dentro da margem de erro, assim como o atual presidente, que subiu de 29% para 31%.
Agora, entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos, o petista ultrapassou o líder da extrema-direita, saindo de 32% para 39%, enquanto o atual presidente caiu de 41% para 37%.
Esse último número, por exemplo, trata de uma parte da sociedade que já começou a se beneficiar com as sucessivas quedas dos preços dos combustíveis, após as muitas trocas forçadas na Petrobras – todas impostas por Bolsonaro. Ainda assim, essas pessoas têm desejado Lula na presidência, e não a reeleição do atual mandatário.
Essas mudanças, ainda que não tenham alterado os números totais da pesquisa – Lula mantém-se com 44% das intenções de voto e Bolsonaro, com 32% –, trazem sinalizações importantes do eleitorado.