A estratégia do PT na crise diplomática entre o Brasil e Israel – iniciada após Lula comparar crimes de guerra israelenses cometidos na Faixa de Gaza com o Holocausto – será a de insistir que o presidente brasileiro ajudou na construção da paz em uma das regiões mais conflituosas do mundo.
Mesmo com alas do partido acreditando que a declaração foi fora do tom adequado, como revelou o próprio Jaques Wagner nesta terça, 20, a visão petista é a de que o conflito Israel-Hamas na Faixa de Gaza, ainda que imprevisível, pode arrefecer nos próximos meses.
Na avaliação de experientes quadros da legenda, isso abrirá a porta para a narrativa de que Lula ajudou na construção da paz mais difícil do planeta, geopoliticamente falando.
Em seus dois primeiros mandatos, o Brasil já testemunhou Lula atuando de forma muito competente em crises internacionais, colocando o país em outro patamar nas negociações de conflitos globais.
Mas não é o que acontece neste terceiro mandato.
O presidente gerou repercussões negativas em declarações sobre a guerra entre a Ucrânia e a Russia, por exemplo, ou sobre a morte de opositores de Vladimir Putin, além dessa comparação com o Holocausto, vista como ruim por parte importante do corpo técnico do Itamaraty.
Mas a visão interna é a de que o PT pode conseguir construir essa narrativa por uma questão até de timing, já que, pelo alongar do conflito e dos crimes bárbaros de guerra perpetrados por Israel após o atentado terrorista de 7 de outubro, a situação pode ser empurrada a um cessar fogo.
Nesta hipótese, o Partido dos Trabalhadores vai tentar usar essa situação para relembrar a imagem do presidente Lula que colocou o Brasil na agenda internacional, um fato inegável.
A legenda pretende lembrar, por exemplo, de momentos como quando Barack Obama, enquanto presidente dos Estados Unidos em 2009, afirmou que Lula era “o cara”.