O presidente Jair Bolsonaro fez sua carreira política colado nas Forças Armadas. Apesar de ter um histórico fracassado no Exército, o presidente passou toda sua história política enaltecendo o trabalho dos militares, inclusive as bárbaras violações de direitos humanos na ditadura (1964-1985).
A estratégia deu certo. Bolsonaro foi parlamentar por décadas, defendendo melhoria de salários e de orçamento das Forças Armadas, e acabou vencendo a eleição presidencial em um momento de fragilidade democrática – com o apoio do (equivocado) então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.
Volta e meia, com medo de a imagem das Forças Armadas serem maculadas, já que a aprovação deles é alta, solta-se um balão de ensaio, sempre encabeçado por algum militar de alta patente, de que o Exército, Marinha e Aeronáutica tem condenado declarações anti-democráticas de Bolsonaro.
É mentira, e o 7 de setembro estará aí para provar isso. A cúpula das Forças Armadas continua apoiando o presidente da República, até porque os comandantes foram escolhidos a dedo por Bolsonaro. Aliás, essa é a natureza dos animais políticos parasitas. Eles escolhem também a dedo, como na fauna e na flora, aqueles bichos que serão o hospedeiro.
A explicação do parasitismo trata, inclusive, de uma relação entre duas espécies diferentes, onde um tem dependência metabólica do outro. Segundo a ciência, tão negada por Bolsonaro, nessa interação parasita-hospedeiro, a última é fundamental para a sobrevivência da primeira.
É o que tem acontecido há décadas. Bolsonaro se apoia nas Forças Armadas como um cipó-chumbo, uma Erva-de-passarinho, uma teníase (solitária) ou uma ascaridíase (lombriga). Mas o mais triste mesmo é ver o Exército, a Marinha e a Aeronáutica sem buscar um remédio para se livrar de seu parasita-mor. Já passou da hora de isso acontecer.