A aprovação da MP que estrutura ministérios no governo Lula serviu para um debate duro entre a quinta gestão petista e a Câmara dos Deputados – especialmente sobre os problemas da articulação.
A Câmara cobrou tudo que podia: emendas obrigatórias que não haviam sido pagas, pessoas que não foram nomeadas para cargos, descortesia de ministros que deixam parlamentares tomando chá de cadeira e a ausência do Lula na articulação.
Mas o mais estranho foi um pedido de Arthur Lira, presidente da Câmara, para que Lula dissesse publicamente que os deputados não estão pedindo nada em troca. Passar essa imagem é uma obsessão do político alagoano.
Na reunião de líderes realizada na véspera da votação, com a presença do deputado José Guimarães e de Lira, houve reclamação de todos os lados. Por fim, o governo conseguiu aprovar por 337 votos, mas recebeu um aviso de que não haverá um segundo voto de confiança.
É importante entender que, no meio desse imbróglio político, o Senado, sob Rodrigo Pacheco, tem feito um trabalho cooperativo, em um claro contraponto de uma Câmara muito briguenta.
A crise levou Lula a entrar na articulação. E o primeiro movimento acertado que o presidente fez foi se reunir com Elmar Nascimento, do União Brasil. Ele é líder do partido na Câmara, mas acredita piamente que não foi ouvido para a escolha dos ministros da legenda.
Na cabeça de Elmar Nascimento, Lula ouviu apenas o senador Davi Alcolumbre, que também foi importante. Esse diálogo com Elmar foi eficiente – tanto que, em seguida, ele fez um discurso a favor da votação da MP.
Não se pode esquecer, contudo, que o efeito colateral de toda essa confusão foi a redução dos poderes de algumas pastas – principalmente do Ministério do Meio Ambiente. Marina Silva foi diretamente atingida, assim como a imagem do próprio Lula.
Diante do caos político do governo, o melhor cenário era o da aprovação do relatório do deputado Isnaldo Bulhões, mas isso não significa que o documento sobre a estrutura dos ministérios fosse bom. Afinal de contas, é muito ruim justamente por tirar prerrogativas do MMA e do Ministério dos Povos Indígenas.