Numa das mais surpreendentes e rápidas reações de um magistrado à frente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes respondeu em 13 minutos a contestação de Valdemar Costa Neto, presidente do partido de Jair Bolsonaro, que quer invalidar algumas urnas eletrônicas – todas utilizadas no segundo turno das eleições deste ano.
”As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro quanto no segundo turno das eleições. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 horas”, respondeu quase que instantaneamente o presidente do TSE ao presidente do PL.
Mas por que a resposta foi tão rápida?
Como a própria coluna já havia mostrado, os planos do mensalareiro Valdemar – o amigão de Bolsonaro – eram conhecidos de todo o público brasileiro.
É que no sábado, 20, Valdemar jurou que não queria tumultuar a vida do país, mas endossou a ideia de iniciar um terceiro turno como Bolsonaro deseja – ou em parte como ele quer.
“Nada de ter nova eleição, não vamos propor nada disso, não queremos tumultuar a vida do país. Mas tem umas urnas que têm que ser revistas e nós vamos propor para o Tribunal Superior Eleitoral até terça-feira essa nova proposta”, disse Valdemar, completando que vários dos equipamentos não poderiam ser considerados no resultado final da eleição.
Diz o sábio que quem avisa amigo é.
Alexandre de Moraes, sabedor das intenções antidemocráticas de Bolsonaro e do presidente do PL, decidiu deixar a resposta pronta. Se a contestação vale para o segundo turno, valeria também para o primeiro, certo? Na ocasião, o partido de Bolsonaro elegeu 99 deputados arrastados pela forte votação do presidente da República.
Trata-se da maior bancada da Câmara – uma parte dela composta por extremistas bolsonaristas que contestam a vitória de Lula mas que agora veem que até a eleição deles ficará em xeque com o pedido de Valdemar.
Não que o pedido terá algum futuro no Tribunal, mas essa foi a jogada de mestre de Alexandre de Moraes contra o radicalismo de extrema direta no Brasil. Expor o método “trapalhões”.