Depois de um início de semana difícil para o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o mercado fecha, nesta sexta, 5, com um certo alívio para a equipe econômica, em resposta a uma mudança postura do próprio governo e de discurso do mandatário petista.
Ja não era sem tempo.
Apesar do movimento de alta que levou o dólar a quase R$ 5,70, a expectativa é que, nos próximos dias, a média permaneça abaixo dos R$ 5,50, contribuindo para a tranquilidade do ambiente macroeconômico – essencial para o avanço de pautas importantes como a regulamentação da reforma tributária.
Nesse intervalo, a grande novidade foi a modulação das falas de Lula: se, antes, concentrava-se nas críticas ao presidente do Banco Central, Campos Neto, o foco, agora, é apresentar soluções que evitem a escalada do câmbio, acalmem o mercado e deem segurança em relação ao cortes de gastos – os quais, pelo menos no plano das ideias, já começam a se mostrar em entrevistas e pronunciamentos.
A promessa de Lula de que a “responsabilidade fiscal” será “mantida à risca” – pois seria um “compromisso assumido” desde 2003 – contempla setores que se mostravam inquietos com os rumos da economia, não obstante o desempenho positivo de diversos indicadores, como a geração de empregos, por exemplo.
Em outra frente, os encontros com Fernando Haddad, aliados às demonstrações de apoio, sinalizaram para o PT e a militância que é hora de baixar o fogo amigo.
É claro que a modificação do tom não altera a necessidade de cuidado com as contas públicas – que não podem crescer exponencialmente, sob pena da volta da inflação e do prolongamento da política de juros altos. Para além da repaginação da oratória, o Poder Executivo deve apresentar medidas concretas, efetivas, palpáveis, para a diminuição do peso da burocracia do Estado em prol de mais investimentos.
De qualquer forma, o primeiro passo merece reconhecimento: Lula parece ter compreendido que o palavrório incendiário apenas levaria o dólar às alturas, afetando a competitividade das empresas brasileiras. Todavia, o cenário de volatilidade permanece à espreita – e o governo precisa ficar atento para não engordar especulações e incertezas.