O veto do Brasil à Venezuela na questão dos Brics — grupo das cinco maiores economias emergentes do mundo — foi um ato político importante, mas não há certeza no campo diplomático de que essa oposição a Nicolás Maduro permanecerá, segundo apurou a coluna.
Grande aliada do regime de Nicolás Maduro, a Rússia está fazendo enorme pressão para que o país latino-americano entre nos Brics, que atualmente é formado pelo país de Vladimir Putin, além do Brasil, Índia, China e África do Sul.
A mão pesada da Rússia nos últimos dias foi seguida por uma vergonhosa sinalização do Itamaraty de que o veto ainda não é uma porta completamente fechada para o ingresso da Venezuela no grupo.
O governo brasileiro não deveria ceder às pressões russas neste caso — e isso não tem nada a ver com as ofensas de Nicolás Maduro ao presidente Lula nos últimos meses. Existem outros motivos mais importantes.
Explico por que.
O Brasil é o fiador do acordo de Barbados, onde a Venezuela se comprometeu a realizar uma eleição transparente e a permitir a fiscalização internacional do pleito, mas não cumpriu nem uma coisa nem outra.
Não fez uma eleição transparente. Foi o contrário: roubou a eleição e, além disso, não permitiu a atuação de observadores internacionais.
Será uma grande desmoralização para Lula, e para o governo brasileiro, caso o país ceda às investidas da dupla Rússia-Venezuela — leia-se Putin-Maduro—em relação aos Brics.
O líder do regime chavista se materializou em Moscou — ninguém sabia de sua participação — para o encontro do grupo econômico que acontece nesta semana. Não há segredo. Foi lá pressionar.
Que o presidente Lula — mesmo longe devido ao acidente doméstico —mantenha-se firme diante de mais uma fraude eleitoral de Maduro perante o mundo.