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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

PSB no Pará tem dirigente acusado de atuar em grupo de extermínio

Vice-presidente do diretório é alvo de denúncia do MP, que cita também o presidente, Daniel Santos, por empregar policiais suspeitos de formar a milícia

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 jul 2025, 16h47 - Publicado em 2 jul 2025, 13h37

Partido do vice-presidente da República Geraldo Alckmin, o PSB possui dirigentes no Pará ligados por uma denúncia do Ministério Público a grupo de extermínio.

Desde abril passado, o PSB paraense está sob comando do prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos, e do vice-prefeito, Hugo Atayde. Eles ocupam respectivamente a presidência e a vice-presidência do diretório estadual, eleitos com aval do dirigente nacional, Carlos Siqueira.

Hugo Atayde consta como réu numa ação penal, no Tribunal de Justiça do Pará, acusado pelo Ministério Público de crimes de tortura e associação criminosa armada (milícia). A denúncia inclui oito policiais militares suspeitos de participarem de um grupo de extermínio.

Os acusados possuem “forte influência política no Poder Legislativo do Pará, sendo que dois [PMs] suspeitos, à época dos fatos [em 2019], encontravam-se cedidos à Assembleia Legislativa, junto ao gabinete do seu presidente, Daniel Santos”, diz o MP. Um dos policiais servia de motorista a Dr. Daniel, que não é, porém, alvo da denúncia.

Então deputado estadual, Dr. Daniel presidiu a Assembleia em 2019 e 2020. Em seguida, ele se elegeu prefeito de Ananindeua, segunda maior cidade do Pará, na região metropolitana de Belém.

O processo contra Atayde, agora vice-presidente estadual do PSB, possui quase 5 mil páginas e está travado há cerca três anos. A ação já passou pelas mãos de três promotores de Justiça, que desistiram do caso ao se julgarem impedidos por “motivo de foro íntimo”.

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A denúncia do MP diz que Atayde e o suposto grupo de extermínio, formado por policiais militares, são responsáveis pela morte de Matheus Gomes Silva, de 23 anos.

Esse rapaz foi acusado de furtar, com outros dois homens, objetos na casa de Atayde, no dia 3 de janeiro de 2019, levando duas TVs, home theater, 22 relógios, joias, R$ 12 mil, roupas e calçados, num total de R$ 50 mil em bens.

Conforme a denúncia, logo após o furto, Atayde suspeitou da babá, uma adolescente de 16 anos, que trabalhou na casa dele, pois não houve arrombamento da porta e os ladrões teriam cópia da chave.

O MP diz que Atayde, acompanhado de policiais, ameaçou a adolescente com arma de fogo e depois a levou a uma delegacia. No caminho, acessou o celular da menina e encontrou o contato de Matheus, ex-namorado dela. O rapaz também foi capturado e sofreu tortura para confessar o furto, segundo diz a denúncia.

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Como a prisão foi ilegal, a Justiça mandou soltar o casal. O grupo de extermínio divulgou então, nas redes sociais, fotos de Matheus e da adolescente como se fossem ligados à facção Comando Vermelho, preparando “um motivo” para execução do rapaz. Essas fotos foram obtidas no arquivo reservado do sistema penitenciário, ao qual só autoridades têm acesso.

Em 27 de fevereiro de 2019, cinco homens invadiram a casa de Matheus, que foi morto com um tiro na mão, ao tentar se proteger, outro no pescoço e o último na cabeça, caracterizando crime de execução. A munição usada no homicídio pertencia à PM e os suspeitos usaram o carro de uma policial militar, o mesmo veículo teria sido utilizado em outros cinco homicídios.

Semanas após o assassinato, Atayde se tornou vereador em Ananindeua graças, segundo o MP, a um “arranjo político” do Dr. Daniel, que nomeou a vereadora titular da vaga para um cargo na Assembleia Legislativa.

A Promotoria de Justiça denunciou Atayde como mandante do assassinato. O Tribunal do Júri rejeitou, em junho de 2021, a acusação por homicídio, mas encaminhou o caso dos crimes de tortura e associação à milícia para uma Vara Criminal do Pará, onde segue tramitando.

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No começo de 2022, já prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel nomeou Atayde para chefiar o seu gabinete e depois o escolheu para candidato a vice na chapa da reeleição, de 2024.

Antes de assumir o diretório do PSB, Atayde pediu, em março passado, o arquivamento do processo, alegando que não há provas contra ele e o caso sequer pode ser considerado ação penal, embora apareça com esse nome no Tribunal de Justiça.

Dr. Daniel também tenta se livrar de problemas com a Justiça. Ele é alvo de um inquérito no Ministério Público acusado de desviar R$ 261,3 milhões em verbas da saúde, por meio de superfaturamento no hospital particular Santa Maria da Ananindeua, da qual era sócio. O prefeito pediu ao Supremo Tribunal Federal o trancamento da investigação.

O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS

Procurados sobre o caso da milícia desde esta terça, 1º, Dr. Daniel e Atayde não responderam até o horário estipulado pela coluna. O prefeito chegou a atender o telefone, prometeu que a assessoria responderia, mas isso não aconteceu. Após a publicação da reportagem, a prefeitura enviou a seguinte nota: “O prefeito não é nem alvo do processo citado e não há nenhuma investigação ou acusação em relação a ele. Portanto, a reportagem insinua algo que não condiz com a realidade dos fatos. O outro citado, Dr. Hugo, informa que as denúncias referentes às investigações foram rejeitadas pela Justiça e não responde a nenhum processo. Por fim, a assessoria lamenta que tenha sido procurada somente na noite de terça-feira, com prazo exíguo para se manifestar até a manhã desta quarta-feira sobre um assunto tão relevante”.
 

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