“Onda vermelha” do PT nas eleições é possível? Com ou sem Lula?
Petistas desejam muitas vitórias nas prefeituras, mas rejeição ao partido ainda deve atrapalhar os planos
O sonho do PT de provocar uma onda vermelha nas eleições municipais de 2020 está longe de se tornar uma realidade. O desejo dos petistas que sonham em voltar a ocupar espaços importantes entre os eleitores esbarra em um obstáculo que ainda não foi totalmente superado: os escândalos que fizeram surgir o antipetismo no país.
Pesquisa do Ibope divulgada nesta segunda, 21, dá sinais de como será difícil fortalecer novamente o PT: o candidato da legenda à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, aparece com apenas 1% das intenções de voto, bem distante da chance de uma eleição.
Enquanto petistas apostam na força de Lula para alavancar candidaturas assim que a propaganda política começar, especialistas ainda acham que a rejeição ao Partido dos Trabalhadores continua alta. Essa é a opinião de três cientistas políticos ouvidos pela coluna.
O ex-presidente, inclusive, também não tem mais a força de antigamente. Pesquisa de julho que simulou as próximas eleições presidenciais mostra que Lula teria 21,9% das intenções de voto, ficando atrás do atual presidente.
Nas eleições de 2018, a disputa entre Jair Bolsonaro, o vencedor da corrida eleitoral, e o petista Fernando Haddad mostrou que fatores como a operação Lava Jato, a prisão de Lula, o impeachment de Dilma e os escândalos envolvendo as gestões petistas foram determinantes para encerrar a caminhada vitoriosa que o PT trilhava na presidência desde 2002.
No segundo turno, Haddad recebeu 47 milhões de votos, equivalente a 44,87% dos votos válidos, o menor percentual de um candidato petista nas eleições presidenciais desde 1998. É o raciocínio de que a vitória de Bolsonaro teve mais a ver com o sentimento gerado pelo antipetismo do que com os méritos próprios do vencedor.
Antes da disputa entre Bolsonaro e Haddad, o enfraquecimento do PT já pôde ser visto nas eleições municipais de 2016. O próprio Haddad tentou se reeleger na prefeitura de São Paulo e fracassou com apenas 16,7% dos votos. Naquele ano, o partido foi o que mais encolheu e perdeu mais da metade das 630 prefeituras que conquistou em 2012.
Neste ano, o partido aposta em uma grande quantidade de candidaturas para tentar se reerguer. Como o Radar mostrou, o PT terá 1.600 candidatos a prefeito, quase o dobro do número de 2016. Desse total, 20 disputarão capitais.
Embora o sonho de uma onda vermelha esteja no coração dos petistas às vésperas das eleições, a memória do eleitor ainda está fresca em relação às gestões petistas e à rejeição gerada após os 14 anos no poder. O futuro provavelmente continuará sendo difícil com os seguidores do PT, enquanto outros partidos tentam se aproveitar do clima para crescer nos locais onde um dia a onda vermelha teve seu domínio.