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A verdade por trás de manchetes falsas que se espalham pela internet. Editado por João Pedroso de Campos.

Mônica Moura não forjou prova contra Dilma Rousseff em delação

Sites simpáticos ao PT e redes sociais propagam teoria sobre os rascunhos de e-mails pelos quais Dilma e a marqueteira se comunicavam

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 dez 2017, 20h42 - Publicado em 15 Maio 2017, 19h22

Depois que vieram a público por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), as delações dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura trouxeram dores de cabeça ao primeiríssimo escalão dos governos do Partido dos Trabalhadores, incluindo os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega.

Além de desmentidos da maioria dos citados, negando os relatos dos outrora magos das campanhas petistas, os depoimentos de Santana e Mônica também inspiraram notícias falsas.

Circula por redes sociais e sites simpáticos ao PT a lorota de que Mônica Moura forjou os rascunhos de e-mails que anexou à delação como provas. Os documentos comprovam que a marqueteira e Dilma de fato compartilhavam uma conta do Gmail, a 2606iolanda@gmail.com, e por ela se comunicavam sobre o andamento da Operação Lava Jato.

Segundo a delatora, para evitar rastreamento, os e-mails não eram enviados, mas salvos na página de rascunhos. Assim, bastava acessá-los para ler as mensagens, que depois eram apagadas. Em um dos e-mails apresentados como prova, Dilma dá um aviso cifrado a Mônica e Santana de que a prisão deles se aproximava: “o seu grande amigo está muito doente. Os médicos consideram que o risco é máximo, 10. O pior é que a esposa, que sempre tratou dele, agora está com câncer e com o mesmo risco. Os médicos acompanham os dois, dia e noite”.

O texto que acusa Mônica de fraudar as provas diz o seguinte:

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Google desmente Mônica Moura, e-mail foi criado em 22 de fevereiro deste ano; prova é forjada

A prisão de Mônica Moura ocorreu no dia 23 de fevereiro de 2016. Porém a imagem mostra que o rascunho foi elaborado no dia 22 de fevereiro desse ano. O Gmail mostra isso no rascunho. Esse serviço de e-mail não indica o ano quando se trata de mensagens e rascunhos recentes.

A imagem poderia, sim, ter sido colhida no ano passado, mas a foto de Mônica foi recortada para esconder a data do computador onde a imagem foi criada: a barra de tarefas do sistema operacional, que é, sem dúvidas, o Windows – devido ao navegador utilizado, Internet Explorer.

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Portanto é evidente que Mônica Moura forjou essa prova no intuito de ser beneficiada pelo acordo de delação, pois basta citar de alguma forma o nome de Dilma Rousseff. Claro que basta, também, citar o nome de Lula, mas quem se encarregou disso foi o marido da empresária, João Santana.

O tom conspiratório e o apego do autor do texto a detalhes não resistem a uma passada de olhos pelo registro em cartório dos print screens apresentados por Mônica Moura ao MPF. Veja abaixo o cabeçalho da ata notarial registrada no 1º Tabelionato Giovannetti, em Curitiba, com trechos grifados em amarelo por este blog (clique aqui e veja o documento na íntegra):

Ata Monica Moura 1
(//Reprodução)
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Como mostra o documento oficial, o próprio escrevente do cartório, Renato Jeferson Bolzani, acessou a conta de e-mail, abriu a página de rascunhos e registrou as imagens às 15h14 do dia 13 de julho de 2016 – não há, deste modo, como o rascunho ter sido salvo no dia 22 de fevereiro de 2017.

O dia 22 de fevereiro de 2016, quando a mensagem foi de fato criada, coincide com a deflagração da Operação Acarajé, que decretou a prisão de João Santana e Mônica Moura. “Vamos visitar nosso amigo querido amanhã. Espero não ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso né?”, perguntou Mônica a Dilma no rascunho elaborado naquele dia.

É absolutamente falsa, portanto, a informação de que a marqueteira forjou provas para incriminar Dilma Rousseff.

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Agora você também pode colaborar com o Me engana que eu posto no combate às notícias mentirosas da internet. Recebeu alguma informação que suspeita – ou tem certeza – ser falsa? Envie para o blog via WhatsApp, no número (11) 9 9967-9374.

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