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Flip 2017 ousa e acerta ao apostar em maior diversidade

Evento literário encerra sua 15ª edição com bom resultado entre o público, apesar de orçamento enxuto e autores pouco conhecidos

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jul 2017, 16h32

Com orçamento menor e sem grandes estrelas entre os convidados, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi à margem – e correu o perigo de cair no rio. Por fim, conseguiu se equilibrar. O evento, criticado no ano passado por privilegiar convidados homens brancos e por eleger uma homenageada de baixo alcance, se reposicionou em sua 15ª edição ao ousar em uma curadoria diversa e colocar Lima Barreto no centro dos holofotes.

A renovação foi sentida na qualidade das conversas estabelecidas pelas mesas, muitas tomadas por discursos políticos e de racismo, e no público que circulou pela cidade. Foi visível a maior presença de negros no evento. Tanto que, uma das estrelas inesperadas foi a professora Diva Guimarães, que falou da plateia durante uma mesa com o ator Lázaro Ramos. O vídeo com a aposentada já soma mais de 9 milhões de visualizações no Facebook.

“Que essa mobilização (com maior participação de negros) seja sentida em outras festas literárias pelo Brasil”, diz a curadora Joselia Aguiar. “Não é porque o Lima Barreto é homenageado que temos mais autores negros. Não é automático. Se um dia a Flip quiser homenagear um homem ou mulher branca, a composição diversa das mesas e das ruas continua a ser culturalmente interessante e necessária”.

Joselia voltou a ressaltar que a seleção apelidada de “Flip da diversidade” nada tinha a ver com um sistema de cotas. “A Flip é uma festa literária, e não deixará de ser assim. O fato de ter mais mulheres e negros não deixa de ter a literatura em primeiro plano.”

Protestos

Do primeiro ao último dia, a política foi presença constante em gritos de “Fora, Temer” na plateia e críticas feitas por autores. “Isso sempre aconteceu, é difícil separar literatura e política”, diz Joselia. “Alguns autores falaram disso, autores de literatura não só os autores ativistas. As manifestações eram inevitáveis. Não eram temas das conversas, mas a plateia respondeu assim.”

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Estrutura

Este ano, o evento perdeu 1 milhão de reais de seu orçamento, que levou ao fim da Tenda dos Autores. As mesas foram alojadas na Igreja da Matriz, que oferecia 400 lugares a menos que o espaço anterior. Contudo, o painel do auditório da praça, que é gratuito, ganhou um número maior de cadeiras. Deixando assim a quantidade de lugares equivalentes às edições anteriores, em torno de 1.100 lugares no total. Raramente as cadeiras foram vistos vazias. Segundo a organização do evento, a experiência de usar a igreja foi boa e pode sim se repetir em outros anos.

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