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A direita vai bem, fora as brigas

É uma força ascendente em países europeus, apesar dos rachas

Por Vilma Gryzinski 15 mar 2025, 08h00

Todo mundo já ouviu alguma versão da frase creditada a Georges Clemenceau, o primeiro-ministro francês durante a Primeira Guerra Mundial, sobre a adesão do filho ao Partido Comunista: “Se meu filho de 22 anos não se tornasse comunista, eu o deserdaria. Se continuar comunista aos 30, é isso que farei”. Outras variantes falam sobre não ter coração, na juventude, se não se convencer sobre as virtudes do socialismo, e não ter cabeça, na maturidade, se não entender seus defeitos. Alguns fenômenos da política contemporânea contradizem esse conceito. Em vários países europeus, como França e Alemanha, sem falar nos Estados Unidos, quantidades importantes de jovens estão aderindo à direita. Direita pura e dura, sem os amortecedores do conservadorismo convencional.

Na Grã-Bretanha, os jovens do sexo masculino entre 18 e 24 anos inclinados à direita preferem o Reforma, criação do folclórico Nigel Farage, ao tradicional Partido Conservador, o mais antigo do mundo. Diz o índice TikTok: Farage tem 1,2 milhão seguidores, ante 89 900 dos conservadores. Disse ao jornal The Telegraph um jovem militante do Reforma sobre os jovens que seguem a mesma linha: “Tanto aqui como nos Estados Unidos, é um pessoal bonito, relacionável, geralmente em boa forma física. São jovens que querem ser bem-sucedidos e cuidar de si mesmos. Existe uma cultura de excelência”. Nos Estados Unidos, o fenômeno da virada do voto masculino jovem foi impressionante. Os mesmos 56% desse eleitorado que votaram em Joe Biden em 2020 preferiram Donald Trump em 2024. Fora os motivos de sempre — economia, imigração —, também pesou uma espécie de fator cool. Ao escapar de punho erguido de uma tentativa de assassinato e posar com cara de macho alfa para a foto do fichamento policial que deveria destruí-lo, Trump deixou de ser um ricão com cabelo esquisito e virou fenômeno cultural.

“Tudo o que eu sei, aprendi depois dos 30”, dizia o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau

Se não fosse pelo medo paralisante de parecer bolsonarista, uma quantidade relevante de cientistas sociais estaria hoje estudando a ascensão da direita entre o eleitorado jovem, em geral da classe C, no Brasil, um fenômeno tão impressionante que poderia dar mais um mandato ao ex-presidente se ele não estivesse imobilizado por múltiplas amarras. Continuam a reverberar pesquisas que mostram uma face do eleitorado que os acadêmicos, geralmente inclinados à esquerda, não costumam enfrentar com a gana analítica que exigiria ou desprezam sob a designação irônica de “pobres de direita”. Uma delas, feita por encomenda do Senado no ano passado, oferece os seguintes dados: 29% do eleitorado se declara de direita e 15% de esquerda. Ah, o Brasil e seus labirintos, implorando por explicações que mostrem mais do que uma saturação com a ineficiência do Estado e com a “repetição dos mantras de uma esquerda cultural” que já não os representa — essa uma explicação para a explosão do voto jovem em Javier Milei, talvez a expressão mais pura desse fenômeno.

“Tudo o que eu sei, aprendi depois dos 30”, dizia Clemenceau, que foi da esquerda radical, anticlerical, repressor de grevistas, implacável chefe da guerra e anticomunista arrebatado, entre outras contradições que o colocam na categoria “inclassificável”, compatíveis com sua convicção de que “o homem absurdo é aquele que não muda nunca”.

Publicado em VEJA de 14 de março de 2025, edição nº 2935

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