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A dura verdade: Maduro ganhou mais um round e vai se perpetuando

Com o poder consolidado, o ditador venezuelano não deixou espaço para oposição liderar um movimento que traduzisse vitória nas urnas

Por Vilma Gryzinski 6 jan 2025, 07h59

Os regimes antidemocráticos só caem quando pelo menos uma parte das forças armadas muda de lado ou quando grandes massas ocupam continuamente as ruas em protestos irreprimíveis. Isso não aconteceu na Venezuela e a farsa vai ter seu grande momento na próxima sexta-feira, com a posse roubada de Nicolás Maduro.

Vai quem quer, quem tem simpatia pelo regime ou quem não tem vergonha na cara. Ou todas essas coisas juntas. Ter sido chamado de “agente da CIA” (Tarek Saab, chefe do Ministério Público, sobre Lula da Silva) ou de “mensageiro do imperialismo americano” (Maduro sobre Celso Amorim), com convocação de embaixador e outros surtos de ridículo, não impedirá a presença de uma representante brasileira.

Num mundo normal, embaixadores representam seus governos mesmo quando estes não se bicam com os locais; faz parte da coreografia diplomática e reconhecer o governo que mantém o controle sobre seu território nacional é um desses ritos.

No mundo Venezuela, a presença da representante brasileira significa um endosso à palhaçada da eleição estrondosamente fraudada. Não seria preciso reconhecer Edmundo González, o vencedor que ganhou mas não levou, tal como fazem governos de direita em países como Argentina, Uruguai e Panamá. Bastaria se ausentar da posse e pronto, a posição estaria tomada e o país não passaria vergonha. Qual é o diálogo que ficaria prejudicado, considerando-se que o regime madurista tripudiou sobre todas as iniciativas brasileiras?

MÃOS AMARRADAS

A posse farsesca de Maduro, que está no poder desde 2013, traz lições eternas que merecem ser relembradas: quando um grupo de apodera de todos os mecanismos, inclusive os detentores legais da força, torna-se praticamente impossível desenquistá-lo. Os desatinos em escala tectônica que tornaram a Venezuela pobre, atrasada e esfomeada, produziram sete milhões de exilados pela miséria, arruinaram um país abençoado com as maiores reservas de petróleo do mundo, não mudaram o regime.

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Com os figurões do chavismo em posições privilegiadas e as Forças Armadas totalmente aparelhadas, e todos dividindo áreas bem definidas de corrupção e narcotráfico, Maduro, um ex-motorista de ônibus que se tornou indubitavelmente um ás no exercício do poder compartilhado com os parças, conseguiu uma blindagem quase impossível de ser rachada.

Nem o surgimento de uma personalidade empolgante como María Corina Machado, com sua capacidade de mobilizar todas as camadas da população e sagacidade para colocar, no último instante, Edmundo González, como candidato, conseguiu quebrar a barreira. A oposição ganhou, mas não levou. González negociou o exílio na Espanha e María Corina praticamente não pode se movimentar na Venezuela.

É como estivessem, simbolicamente, com as mãos amarradas. As manifestações de protesto foram reprimidas até restar poucos com coragem para sair às ruas. Gradualmente, a brava campanha oposicionista e a farsa eleitoral do regime foram saindo do centro das atenções e só voltam a ser assunto, momentaneamente, por causa da posse dessa sexta-fera.

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“CORRUPTOS INFLUENTES”

Nicolás Maduro e companhia ganharam mais uma. Para tripudiar, foi emitida uma ordem de captura, com 100 mil dólares de recompensa, contra Edmundo González, por “conspiração, cumplicidade no uso de atos violentos contra a república, usurpação de funções, falsificação de documentos” e outros crimes. É mais uma palhaçada grotesca de dar vergonha, acima de tudo, a quem acredita em ideais defendidos pela esquerda, em cujo nome são praticados esses abusos contínuos.

Se alguém tiver dúvida, confira uma surpreendente reportagem do site Infobae mostra como até as bases de esquerda dos coletivos, os grupos populares criados para dar sustentação ao regime, por mobilizações em massa e até armas, não querem saber de Maduro.

Algumas declarações:

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“Isso aí não é mais revolução, é um grupo que se alimenta do que mais criticamos”, disse um dirigente.

Desde 2018 “não queríamos que Nicolás repetisse sua presidência por muitas razões, inclusive a deterioração na qualidade de vida e a brutal crise econômica, enquanto corruptos influentes continuavam a encher os bolsos até estouras”.

As promessas não foram cumpridas e “eles que se virem agora sem nós”.

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Isso tudo, repita-se, dito por um dirigente esquerdista de grupos violentos, formados por motoqueiros a quem o governo fornece as motos, a gasolina e as armas para intimidar a população que queira se manifestar contra o regime.

Seria esse um sinal do racha interno que não aconteceu até hoje?

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