Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A estonteante dança dos poderosos

As grandes potências vivem pulsões destrutivas — e a China vence

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 jun 2024, 11h39 - Publicado em 16 out 2022, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Olhando o mundo da tribuna de onde assistirá à encenação ritual que o Partido Comunista faz a cada cinco anos, Xi Jinping só terá motivos para mover levemente a musculatura facial que usa para dar o sorriso imperceptível que é sua marca registrada. Alguns projetos ambiciosos, como a Nova Rota da Seda, não estão saindo exatamente como o planejado, a pandemia gestada nas profundezas de Wuhan arrancou nacos da prodigiosa máquina de produção chinesa e o método de lockdowns sucessivos enfureceu cidadãos comuns. Mas ele pode dizer que está cumprindo o contrato tácito que tem com 1,4 bilhão de pessoas, oferecendo a estabilidade que uma história milenar de atribulações ensinou a ser cultivada e a prosperidade de um PIB que está encostando em 20 trilhões de dólares — quase treze vezes mais que o do Brasil. Xi Jinping entra no congresso comunista como o homem mais poderoso da história da China, com o carimbo para um terceiro mandato presidencial e, acima de tudo, o controle incontestado de todos os mecanismos da máquina. Isso inclui Mao Tsé-tung, o imperador vermelho que mandou o pai do atual supremo líder, uma figura política importante da época, para um exílio interno tão cruel que, quando saiu, custou a reconhecer o filho. Uma das acusações feitas contra Xi pai no auge do delírio da Revolução Cultural foi de ter olhado com binóculos para o lado da Alemanha Ocidental durante uma viagem à metade comunista de Berlim. O próprio Xi, que tinha uma vida de privilégios, foi mandado, ainda adolescente, para a “reeducação” no campo. A caverna onde dormia hoje virou atração turística.

    “Depois da invasão da Ucrânia, a Rússia de Putin corre o risco de virar uma província chinesa”

    Da caverna para Zhongnanhai, o complexo ao lado da Cidade Proibida onde mora a elite política, foi um trajeto que ensinou Xi Jinping a ver, como já disse, além “das flores, da glória e dos aplausos”. E a explorar a desestruturação sistêmica que os líderes das grandes potências enfrentam, tanto por movimentos históricos inevitáveis quanto por seus próprios erros. O vizinho Vladimir Putin não para de cavar o buraco em que se meteu por voluntarismo. A encolhida potência pós-­soviética já era chamada de “posto de gasolina com armas nucleares” antes da invasão da Ucrânia. Corre o risco de virar uma província chinesa depois dela. Joe Biden é um presidente que cumprimenta pessoas inexistentes, não consegue encontrar o caminho para sair do palco e anistia condenados por posse de maconha para conseguir votos. Entre seus primeiros atos, quando a crise energética se desenhava, esteve o de proibir por decreto a prospecção de novas fontes de energia fóssil. A época em que os EUA governavam a si mesmos, independentemente do gênio ou do idiota que estivesse no poder, pertence a um curto e glorioso passado, quando os debates mais excêntricos eram exemplo da superioridade das democracias avançadas. Um dos temas que mais inflamam opiniões hoje é a partir de que idade as crianças devem receber tratamento para mudança de sexo sem que os pais saibam.

    “A arte suprema da guerra é subjugar o inimigo sem lutar”, diz um dos mandamentos mais conhecidos de Sun Tzu, o estrategista militar de 2 500 anos atrás. A historicidade dele é contestada, mas o argumento é indiscutível. Com base nele e num mexidão ideológico batizado de marxismo nacionalista, Xi Jinping possivelmente já é o homem mais poderoso do mundo.

    Publicado em VEJA de 19 de outubro de 2022, edição nº 2811

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.