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É penta? Netanyahu mais uma vez faz pontaria no impossível

Mesmo com aumento da oposição e três inquéritos por corrupção, primeiro-ministro ainda é o grão-mestre na arte da sobrevivência política

Por Vilma Gryzinski 10 abr 2019, 07h30
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  • Como Benjamin Netanyahu fez uma campanha na qual detonou como fraco em matéria de segurança um partido com nada menos que três generais que foram chefes do estado-maior das forças armadas?

    Como Benjamin Netanyahu pregou o rótulo de esquerdistas no meio da testa de homens que ele mesmo nomeou para a missão suprema de garantir o poder militar do Estado de Israel?

    Como Benjamim Netanyahu está perto de virar réu em três processos por corrupção e, evocando um certo hóspede involuntário de Curitiba, convenceu muitos israelenses de que tudo é fruto a perseguição política da imprensa, do judiciário, da polícia e dos inconformados com suas vitórias?

    Como, na chamada batalha dos Benjamins, a aliança criada pelo general Benny Gantz conseguiu eleger um número equivalente de deputados, mas Bibi tem mais condições de conseguir ser primeiro-ministro pela quinta vez?

    E ainda fez isso tudo depois de ter brigado com o presidente (do seu partido), detonado aliados importantes (do seu próprio governo), rompido o “protocolo diplomático”, como diriam itamaratecas, ao garantir que nunca haverá um Estado palestino e, indiretamente, desafiar até Donald Trump, afirmando que vai tratar o futuro plano de paz do presidente americano a partir de suas próprias condições?

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    As respostas estão, claro, tanto na esperteza política e na incrível capacidade de briga de Netanyahu quanto no eleitorado israelense.

    Embora boa parte da imprensa mundial tenha passado a campanha exaltando o carisma (inexistente), o equilíbrio, a moderação e até os olhos azuis (reais) de Benny Gantz, uma única pesquisa pré-eleitoral corporificou a posição de Netanyahu: entre os jovens na faixa dos 18 aos 24 anos, impressionantes 65% preferiam que fosse ele o vencedor. O general ficou com míseros 17%.

    São exatamente esses jovens que fazem o serviço militar obrigatório e o apoio deles demonstra que se sentem mais seguros em confiar, potencialmente, a própria vida a Bibi, que encerrou cedo o serviço de comando do serviço de operações especiais, do que a um general de carreira.

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    Outros fatores incluem a certeza razoável de que ele não vai fazer concessões territoriais que afetem a segurança dos israelenses – o motivo principal do encolhimento do tradicional Partido Trabalhista – e o crescimento econômico ancorado em alta tecnologia e startups, o tipo de atividade com grande apelo às faixas mais jovens.

    Tradicionalmente, quanto mais velho o eleitor, mais conservador (ajuizado, diriam alguns), mas o general Gantz só começou a ultrapassar Bibi, na pesquisa por faixa etária, entre os israelenses acima de 55 anos.

    O estilo abrasivo, o arsenal de truques sujos, a deficiência ética, a incitação étnica, a disposição a se aliar ao que existe de pior no ultranacionalismo e o desgaste natural de tantos anos no poder pesaram contra Bibi, contribuindo para que o partido Azul e Branco, nascido da aliança entre Gantz e o ex-jornalista de televisão Yair Lapid, se tornasse um fenômeno eleitoral notável.

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    O empate ou até uma pequena vantagem para o novo partido possivelmente não mudem o resultado final e Netanyahu realmente comemore mais uma noite que começou perdendo e terminou com uma “tremenda vitória”.

    Nenhum dos partidos, mesmo antes da atual proliferação, jamais teve a maioria absoluta entre os 120 membros do Parlamento. Governos de coalizão são obrigatórios e foi no corte, costura, tricô e bordado de partidos aliados que Bibi fez o possível e o impossível para se garantir.

    Para os que não engolem outra vitória de Netanyahu, um consolo: um governo Azul e Branco em aliança com partidos de centro-esquerda seria exatamente igual nos temas que contam (Gaza, Golã, Hezbollah e, em boa medida, os assentamentos judaicos).

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    Talvez os olhos azuis de Gantz ou o apelo telegênico de Lapid tornassem a coisa mais fácil.

    Todos os dias são difíceis para qualquer primeiro-ministro de Israel. A possibilidade de que Bibi se torne réu e a força demonstrada pela oposição renascida vão atormentar a vida de Netanyahu de uma forma poucas vezes vista.

    “Melekh Ysrael”, ou rei de Israel, e “Mágico” são os tratamentos dados a Bibi por seus seguidores mais fanáticos. Impossível publicar do que seus adversários o chamam. Ele sabe que tem poucas horas para aproveitar seu momento de rei, mas como são doces.

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