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Ela quer ser presidente dos Estados Unidos. Se Trump der muito errado…

Alexandria Ocasio-Cortez está tão à esquerda quanto é possível ser sem cair fora do guarda-chuva do Partido Democrata e tem sua turma

Por Vilma Gryzinski 28 abr 2025, 06h45

A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortes, universalmente conhecida pelas iniciais, AOC, está sonhando alto. Mal acabou de completar a idade mínima para ser presidente – 35 anos – e já faz uma turnê pelos Estados Unidos cheia daquela cenografia tipicamente associada com campanhas presidenciais.

Ela é uma mulher bonita, para usar os termos de um certo presidente, e tem o dom de enfurecer a direita – num perfil comparável ao da ministra Gleisi Hoffmann. Tem como patrono um veterano da esquerda, o senador Bernie Sanders. Ambos se declaram socialistas democráticos. Sanders, de 83 anos, está cedendo a posição número um para AOC. É ela quem tem agora o lugar principal nos comícios para “Combater a Oligarquia”, como batizaram a turnê. Para firmar a imagem, tem até um figurino fixo: jeans e camisa branca, traduzidos como “uma mulher do povo”.

Não existe um único adversário político que deixe de notar o amplo uso de jatinhos particulares pela dupla que se apresenta como defensora dos pobres e do planeta. Ah, a hipocrisia…

Os simpatizantes não se importam – e até doaram mais de um milhão de dólares em três meses, um prodígio. E alguns analistas políticos consideram que a “ala Sanders” tem cerca de 20% dos votos da militância do Partido Democrata. É desse patamar considerável que AOC parte.

PATRIMÔNIO POLÍTICO

Poucos duvidam que vá tentar a candidatura, disputando-a com nomões do partido como Kamala Harris e Gavin Newson, esse reforçado pelo fato de que seu estado, a Califórnia, acabou de passar o Japão para se tornar a quarta maior economia do mundo, com um PIB de 4,1 trilhões de dólares.

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E os 75 milhões de votos que Kamala teve na eleição do ano passado são um patrimônio político excepcional. Isso se reflete numa pesquisa da semana passada, mostrando que 27,5% dos eleitores democratas votariam em Kamala para ser a candidata em 2028. Mas AOC aparece em segundo lugar, com 21,3% das preferências.

Extraordinariamente bem sucedidas, ambas exploram o discurso identitário. Kamala como filha de pai negro e mãe indiana (embora ambos fossem professores universitários); Alexandria como descendente de porto-riquenhos que trabalhou como garçonete e num balcão de drinques.

AOC formou-se em relações internacionais e economia na Universidade de Boston, o que deixa os adversários mais irônicos ainda quando comete escorregões como se referir ao economista Milton Keynes – provavelmente uma conflação de antípodas como o chicagoniano Milton Friedman e o, erradamente, venerado patrono da gastança governamental, John Maynard Keynes.

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As redes estão cheias de coletâneas dos foras de AOC em todos os âmbitos, mas seu fá-clube nem liga: a ideia de “taxar os ricos”, o fundamento de sua plataforma, pega bem para o público universitário de classe média com pendores à esquerda.

Mas seria suficiente para levar adiante uma candidatura viável? Muito dependerá menos dela e mais de como se sai o governo de Donald Trump.

APOSTAS ARRISCADAS

No momento, parece que tudo vai mal: a reação dos mercados à tarifação pirotécnica, o risco de aumento da inflação e encolhimento da economia, a falta de resultados em conflitos internacionais que seriam resolvidos “em um dia”, a guerra cultural que não tem como ser vencida contra o establishment de esquerda.

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Uma pesquisa feita para a televisão ABC traz índices muito altos de desaprovação – 55% contra aprovação de 42%. Mais: 61% desaprovam a condução da economia, justamente o argumento que propulsionou sua eleição, e 64% rejeitam os aumentos de tarifas.

Se continuar assim, o movimento do pêndulo penderá forte para o outro lado, o desprestigiado Partido Democrata vai recuperar espaços e pulularão os candidatos a candidatos em 2028. Alexandria Ocasio-Cortes vai ter que usar os cotovelos para abrir caminho. Ela sabe fazer isso e está demonstrando habilidade em estrelar a turnê que mobiliza antitrumpistas.

Contra ela, tem o fato de que, segundo análises quase unânimes, os democratas perderam a mão quando se jogaram de cabeça nas batalhas identitárias, afastando eleitores tradicionais do partido com a defesa de causa impopulares como a participação de mulheres trans em esportes femininos, investir trilhões em energia verde e a entrada descontrolada de imigrantes ilegais.

Como estará a situação em 2028? O quadro atual permite as apostas mais arriscadas, para um lado ou para o outro. Mas se houver uma brecha para a esquerda, é garantido que AOC estará nela.

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