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Esquerda contra direita: desdobramentos explosivos na América Latina

Ex-presidente como Álvaro Uribe e Cristina Kirchner presos, discursos que remetem aos velhos – e maus – tempos, Brasil enrascado e discursos radicais

Por Vilma Gryzinski 5 ago 2025, 08h49

Tanto a esquerda quanto a direita estão passando por maus pedaços na América Latina. Talvez, no momento, mais a segunda do que a primeira, com a espantosa condenação a doze anos de prisão de Álvaro Uribe, o ícone da direita colombiana, e a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.

Outro ponto negativo para a direita: Nayib Bukele deu razão a todos os críticos esquerdistas quando ganhou o grotesco direito à reeleição eterna. O oposto deveria ter acontecido: ele provar que pode resolver a crise de criminalidade que atormentava El Salvador sem virar um caudilho daqueles de manual. Mas não teve jeito. Nem suas ironias colaram: “Noventa por cento dos países desenvolvidos permitem a reeleição indefinida e seu chefe de governo e ninguém se incomoda. Mas quando um país pequeno e pobre como El Salvador tenta fazer o mesmo, de repente é o fim da democracia”.

Além da deliberada confusão entre sistemas presidencialistas e parlamentaristas, existem o histórico e o contexto. Bukele prestou um grande desserviço à direita.

Também é considerado negativo para a direita no Brasil aplaudir o tarifaço de Donald Trump, mas aqui as coisas são mais complicadas: a associação entre taxas extras para os importadores americanos de produtos brasileiros e a perseguição judicial a Jair Bolsonaro cria uma situação em que injustiças flagrantes não podem ser condicionadas a imposições comerciais.

Como sair dessa?

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ESPAÇO PARA PIORAR

Vivemos uma situação em que as duas partes querem brigar. Donald Trump, por vestir a camisa de Bolsonaro, e Lula da Silva, por desfraldar a bandeira vermelha – e, claro, divisar as vantagens eleitorais da resistência à superpotência.

Isso faz prever que ainda temos muito espaço para piorar e que a disputa entre esquerda e direita pode se tornar a mais acirrada da América Latina – justamente nós, de um país acostumado a amenizar conflitos, uma das nossas grandes vantagens competitivas.

Também é grande o potencial de conflagração na Argentina, o país que Javier Milei transformou no campo de provas das ideias mais libertárias já postas em execução na história da humanidade. Milei é hoje a grande esperança da direita que ousa dizer seu nome e não tenta apenas ficar falando nos velhos tempos de Margaret Thatcher. O presidente argentino tem que manter uma meia dúzia de laranjas no ar – inclusive as mais elusivas, como a confiança da população (que precisa acreditar no dólar sem controles oficiais) e a do mercado financeiro (que olha para todo o resto e checam como as dívidas serão pagas).

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Na definição de Niall Ferguson, o único intelectual de perfil global e linguagem simples que tende para a direita, Milei “está entregando um milagre feito pelo homem que deveria alegrar o coração de todos os economistas clássicos e acelerar o pulso de todos os libertários políticos”.

Espíritos mais céticos não deixam de notar que, numa situação dramaticamente argentina, Milei também enfrenta os discursos e os tuítes de Cristina Kirchner, vestida de mártir pela prisão domiciliar e transformada na “mulher da sacada”. Os crimes de corrupção foram sobejamente comprovados, numa dimensão muito maior dos julgados em relação ao outro famoso presidente condenado, mas o pathos social argentino é único.’

‘MULHER MARAVILHOSA’

Em outras palavras: Cristina presa é um trunfo para a direita, mas com o potencial de virar o jogo – dependendo em quase tudo daquelas laranjas que Milei precisa manter no ar. Qualquer tremor na economia e Cristina fica maior. Álvaro Uribe na mesma condição, condenado a uma pena maior do que a pedida pela acusação por manipulação de testemunha, enfraquece seu Centro Democrático, já cruelmente golpeado pelo atentado que deixou imobilizado numa cama de hospital o promissor candidato Miguel Uribe (sem parentesco com o ex-presidente). A vantagem é que cada vez que Gustavo Petro abre a boca, a esquerda colombiana perde votos.

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No Chile, a escolha por um presidente de esquerda também parece que será corrigida pelos eleitores. No Peru, ninguém entende como a presidente Dina Boluarte, que era de extrema-esquerda e virou de direita, consegue continuar governando com índices devastadores de impopularidade. Na Bolívia, a eleição presidencial é agora dia 17, sem Evo Morales e com garantia de instabilidade.

A mais bem sucedida personalidade de esquerda na América Latina é a mexicana Claudia Sheinbaum, um fenômeno com 80% de aprovação. Até Trump a chama de “uma mulher maravilhosa” – o que não o impede, claro, de aplicar o porrete tarifário, embora com várias extensões de prazo.

O jogo entre direita e esquerda na América Latina está empatado em várias esferas. Os momentos mais emocionantes, obviamente, estão sendo disputados no Brasil. Sem a mente gélida de Uribe e a audácia de Milei, o contendor principal é dado a lágrimas e pouca disciplina. É o que tem para o momento e não adianta a direita convencional espernear: o grande líder da direita é Jair Bolsonaro, independentemente de que se aprecie isso ou não. As alternativas terão que ser construídas a partir dessa realidade.

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