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França para e Macron também: tem até liderança nova com ideias loucas

Mais um primeiro-ministro não fará nenhuma diferença e clima de instabilidade sobre presente e futuro do país incentiva propostas radicais

Por Vilma Gryzinski 10 set 2025, 06h42

Imaginem uma greve geral que não é convocada pela CGT, um movimento de protesto liderado por um desconhecido e uma troca de primeiro-ministros onde os protagonistas têm um papel bem secundário. É essa hoje, com uma paralisação geral no país, a França para a qual Emmanuel Macron não tem mais propostas viáveis a fazer.

É triste, mas é a realidade. Macron, uma espécie de tucano aperfeiçoado, com a economia focada no centro e as simpatias tingidas pelo esquerdismo, está praticamente impotente. Trocar de primeiro-ministro será apenas colocar um nome a mais numa fila que anda rápido.

E não é apenas a sua corrente, que emergiu cercada de tantas esperanças, a sofrer com a falta de rumo. A direita populista perdeu Marine Le Pen para a inelegibilidade, a direita tradicional parece galinha descabeçada, a esquerda de sempre cogita até ressuscitar o melancólico François Hollande e a extrema-esquerda de Jean-Luc Mélenchon está enfrentando a concorrência de um desconhecido, cheio de ideias novas e delirantes.

Alguém já ouviu falar em Julian Marissiaux? Fora da França, há até dificuldade em pronunciar seu nome – “Marrissiô”. Dentro, ele também é pouco conhecido. Mas foi quem bolou a palavra de ordem da paralisação geral de hoje, “Vamos bloquear tudo”. Como corresponde aos tempos atuais, ele agita través de um canal do Telegram chamado “Led Essenciais France”.

ESPECIALIZAÇÃO EM RADICAIS

Marissiaux tem 43 anos e ideias de virar a cabeça: sair da União Europeia, dissolver os mecanismo que coordenam as ações entre cidades e regiões (chamado de intercomunalidade), reorganizar todas as forças produtivas, dar um “choque de justiça salarial” e refinanciar a dívida pública, criando um “fundo soberano dos cidadãos” no qual os franceses depositariam suas economias, contra uma remuneração garantida de 2% ou 3%. Ele acha que assim livraria a França do jugo dos mercados financeiros e restituiria o poder econômico ao povo.

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Mesmo num país especializado em produzir radicais, é de tirar o fôlego. E mais ainda pela projeção que ele ganhou como autor do lema da paralisação geral, obviamente, pelas redes sociais, não pelos megafones cercados de bandeiras vermelhas que a esquerda tradicional usava.

Marissiaux tem algo da influência dos “coletes amarelos”, inclusive a energia antissistema que rolava entre os manifestantes do interior que começaram apenas a protestar por um imposto adicional sobre a gasolina e viraram atores políticos importantes – inclusive pela capacidade de atrair os mascarados que vão quebrando tudo na esteira das manifestações, um fenômeno francês imitado em outros países.

Macron vai tão mal que seu último primeiro-ministro, François Bayrou, um homem digno que assumiu estoicamente uma missão impossível, considerando seu dever mais alto alertar o país sobre o risco existencial representado por uma dívida equivalente a 114% do PIB, recebeu 364 votos contra e apenas 194 a favor. Deputados do partido de Marine Le Pen deram risada enquanto ele fazia seu último discurso e a esquerda radical de Mélenchon se mobilizou para pedir o impeachment do presidente.

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ROBESPIERRE DO INTERIOR

Era esperado, mas não deixou de ser melancólico. Ainda mais porque o certinho e perfeccionista Macron provocou a situação descontrolada que se vê hoje ao convocar, inopinadamente, eleições gerais no ano passado. Todo mundo sabia que ele perderia a maioria no legislativo e foi exatamente o que aconteceu

A crise na França coincide com momentos nada bons em outros grandes países do mundo ocidental. Na Inglaterra, o problema é da mesma família, com dívida muito grande,:clandestinos demais querendo entrar e milionários demais querendo sair, devido a um governo esquerdista que quer taxar a riqueza até a sua extinção. Até nos Estados Unidos há sérias dúvidas sobre a política econômica de Donald Trump. A última veio de Jamie Dimon, CEO do JPMorgan e guru dos mercados, ao avaliar que “a economia está ficando fraca; se está no caminho da recessão ou apenas enfraquecendo, não sei”.

Para onde quer que se olhe, na vanguarda da civilização, o panorama é parecido. Com a diferença, na França, de que parar tudo é uma tradição histórica – acrescida agora de um novo radical no pedaço, o pouco conhecido Julian Marissiaux, um Robespierre do interior louco para incendiar tudo. Ah, sim, o novo primeiro-ministro – o quinto do segundo mandato de Macron é Sébastien Lecornu. Não tem uma perspectiva brilhante pela frente.

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