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Harry e Meghan: até amiga de Oprah diz o que a família real deve fazer

Tendo aberto a porteira, o príncipe ressentido e sua duquesa consolidam o uso de apresentadoras de televisão como porta-vozes

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 17 mar 2021, 07h02 - Publicado em 17 mar 2021, 06h59
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  • Nunca explicar, nunca reclamar. O lema da rainha Elizabeth, que exige disciplina de ferro e alto nível de tolerância a críticas sem resposta, nunca foi seguido pela própria família.

    Mas seu neto Harry está extrapolando. Depois da entrevista-bomba que ele e Meghan deram à apresentadora Oprah Winfrey, instalou-se uma espécie de vale-tudo.

    Outra apresentadora, Gayle King, que gosta de brincar com a ideia de que ela e Oprah são mais do que amigas íntimas, relatou uma conversa particular que teve com Harry.

    Conteúdo: Harry disse a ela que conversou com o pai, Charles, e o irmão, William, depois da divulgação da entrevista.

    “Essas conversas não foram produtivas. Mas eles estão satisfeitos por pelo menos terem começado uma conversa”.

    Ou seja, a apresentadora da CBS agora revela o teor de conversas que deveriam ser blindadas entre os dois herdeiros diretos do trono e o príncipe que largou tudo para ir morar na Califórnia (piadinha: saiu da Casa de Windsor para a Casa de Hollywood).

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    Não foi só isso que Gayle King disse. Ela fez um resumo das reclamações de Meghan, porque a família real “não interferiu para mandar imprensa parar com as reportagens injustas, inexatas e falsas que definitivamente têm um viés racial”.

    Ou seja, ela acha que o Palácio de Buckingham pode mandar na imprensa britânica, um conceito que entra no campo do ridículo.

    Meghan também se queixou de um inquérito por assédio moral que o Palácio de Buckingham abriu só agora, mas que remete a supostos incidentes ocorridos entre a “duquesa difícil”, como era chamada, e funcionárias a seu serviço antes de cair fora das atividades da realeza.

    “A família real tem que reconhecer que existem problemas”, alertou a apresentadora, agora colocada na posição de dizer o que os membros no topo da hierarquia da realeza britânica devem fazer.

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    Para quem não levar esses assuntos muito a sério, é até divertido ver a mais alta dinastia da televisão americana interferindo em questões familiares, com desdobramentos políticos,  dos Windsor.

    Para muitos britânicos, principalmente os que entendem o delicado funcionamento da monarquia, cuja sobrevivência depende de não cair muito no conceito da opinião pública, o assunto não tem nada de engraçado.

    Sob este ponto de vista, desgastar a imagem da família real, transformando-a em tema de programas de confidências, corrói uma instituição que tem um milênio de história profundamente entrelaçada com a própria nação.

    O pai e a mãe de Harry incorreram no mesmo erro: já separados na prática, deram entrevistas fazendo reclamações mútuas e até confidências sobre casos extraconjugais. 

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    Diana depois se arrependeu, principalmente por não ter pensado em como os filhos seriam afetados por ela admitir publicamente o romance com o major James Hewitt, o instrutor de equitação ruivo e bonitão que foi dado por muita gente como o pai de Harry, embora os cabelos vermelhos do príncipe venham do lado da mãe e o relacionamento tenha começado depois que ele nasceu.

    Mais recentemente, o príncipe Andrew achou que dando uma entrevista à BBC conseguiria melhorar a imagem afetada pela amizade absurda com Jeffrey Epstein, o pedófilo americano que se suicidou – ou foi suicidado – na prisão.

    Resultado: Andrew foi obrigado a se retirar da posição de integrante ativo da família real, com papel de seu representante em cerimônias oficiais. 

    Foi desse papel do qual Harry e Meghan abriram mão voluntariamente, partindo para uma nova vida de atividades remuneradas nos Estados Unidos.

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    A entrevista a Oprah Winfrey, com a explosiva acusação de racismo a um membro não identificado da família, não fez muito bem à imagem de Harry e Meghan no Reino Unido.

    De príncipe popular e querido pela opinião pública, ele passou a ter 48% de avaliação negativa, contra 45% de positiva.

    A situação de Meghan é menos favorável: 60% fazem uma imagem negativa dela. A duquesa perdeu 27% de apoio desde que a história da entrevista começou a circular.

    Harry e Meghan evidentemente falaram para o público americano, o mercado onde vendem a imagem de um príncipe rebelde que abriu mão de tudo para defender nobremente a esposa perseguida e discriminada.

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    A rainha já enfrentou crises muito piores, inclusive a revolta da opinião pública contra ela, pessoalmente, por ter mantido uma incompreensível distância física e emocional enquanto Diana era velada em Londres.

    Na época, a conselho do primeiro-ministro Tony Blair, ela acabou fazendo um pronunciamento pela televisão e voltou a Londres com os netos, saindo para uma rápida visita às montanhas de flores em memória da princesa morta que se erguiam em torno do Palácio de Buckingham.

    Hoje, com posição recuperada e a idade avançada, Elizabeth tem 80% de opiniões positivas. O neto problemático dificilmente vai afetar essa imagem.

    O problema maior é para Charles, que se preparou a vida inteira para ser rei e, aos 72 anos, continua esperando.

    Uma parte do público não simpatiza com ele ou nunca ou perdoou por ter traído 

    Diana tão assumidamente.

    Tendo se explicado e reclamado, ao contrário do que a mãe sempre recomendou, ele agora vê o filho caçula fazer a mesma coisa. E usando como intermediárias apresentadoras de televisão americanas, perfeitamente satisfeitas em alimentar a repercussão das confidências.

    Quanto mais confusão, melhor para elas.

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