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Israel tem que provar, de novo, atrocidades sexuais cometidas pelo Hamas

Como um filme que não para de passar, abusos praticados contra mulheres no 7 de Outubro aparecem em nova investigação

Por Vilma Gryzinski 8 jul 2025, 06h56

Estupros cometidos como arma para humilhar o inimigo são, tragicamente, tão antigos quanto a guerra. No caso das atrocidades praticadas pelo Hamas contra mulheres no grande massacre de 7 de outubro de 2023, a diferença é que elas precisam ser reiteradamente denunciadas para combater céticos movidos pelo interesse de não admitir que judeus possam ser vítimas: segundo essa narrativa, muitas vezes repetida, só podem ser vitimizadores.

Uma nova investigação feita pelo Dinah Project, dedicado a não deixar que essa história seja distorcida e obscurecida, mostra o que reportagens e inquéritos já haviam apurado, mas com uma diferença de detalhes nos números.

Um dos maiores: chegaram a dezenas os casos de mulheres amarradas em árvores e postes, nuas ou seminuas, mortas depois de sofrer abusos na área do festival Nova, a rave onde 378 jovens foram chacinados quando terroristas do Hamas invadiram áreas fronteiriças com Gaza.

Os testemunhos diretos são raros porque não há mulheres sobreviventes das múltiplas violências sexuais. Mas o projeto levantou depoimentos sobre casos ocorridos na área do festival de música, numa base militar fronteiriça e em três das comunidades que mais sofreram com os ataques, Re’im, Nir Oz e Kfar Aza.

“Muitas das testemunhas falaram de vítimas mortas a tiros e que continuaram a ser estupradas”, diz a ex-promotora militar Sharon Zagagi-Pinhas.

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HORRORIZAR E HUMILHAR

Também foram ouvidas quinze mulheres levadas como reféns para Gaza. Elas relataram “nudez forçada, assédio físico e verbal, assédio sexual e ameaças de casamentos forçados”.

Além das investigações internas e das reportagens de imprensa, uma enviada especial da ONU, Pramila Patten, concluiu no ano passado que houve uso de violência sexual, incluindo mutilação de genitais de mulheres e homens, “às vezes com armas inseridas neles”.

Todos nós sentimos um repúdio visceral por crimes sexuais em ambientes bélicos por envolverem não só o sofrimento das vítimas, mas o uso do poder para horrorizar e humilhar todo o grupo social ao qual pertencem.

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Durante muito tempo, Israel evitou a participação de mulheres em atividades de combate, embora elas, como os homens, tenham que cumprir o serviço militar obrigatório. Um dos argumentos era que, se houvesse prisioneiras de guerra submetidas a suplícios sexuais, isso provocaria reações violentas e até irracionais nas suas unidades, interferindo no curso das operações.

O 7 de Outubro mostrou a inutilidade do raciocínio: mulheres foram brutalizadas e assassinadas durante atividades nada bélicas, como preparar o café da manhã da família ou curtir um festival de música.

FILME TERRÍVEL

Reconhecer isso não implica em chancelar ou justificar todos os atos cometidos na invasão de Gaza. Significa simplesmente admitir que foram cometidas atrocidades em Israel, que o Estado falhou gravemente em proteger seus cidadãos, que as guerras são terríveis e que, nas condições únicas de Israel, os atos praticados têm que ser punidos, sob risco que se repitam.

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Não tem nada a ver com política ou com o fato de que Benjamin Netanyahu seja o primeiro-ministro, como pretende o líder máximo da diplomacia brasileira, Celso Amorim.

Ao contrário, os moradores dos kibutz invadidos e frequentadores de rave eram na maioria simpatizantes de partidos de oposição a Netanyahu. Os israelenses aprovaram majoritariamente a guerra em Gaza, da mesma forma que hoje são a favor do fim dela, na proporção de 67%, em troca da libertação dos vinte reféns vivos ainda mantidos em cativeiro.

Mas não vão esquecer as mulheres estupradas e crucificadas em árvores e postes. Ninguém pode esquecer isso, por mais que o filme terrível tenha que passar de novo para combater os mal intencionados que negam aos alvos dos crimes até sua própria condição de vítimas.

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