Visto pela televisão, parecia até bonito, como uma chuva de cometas iluminando o céu noturno. Na realidade, os 180 mísseis balísticos iranianos foram disparados com o objetivo de matar a maior quantidade possível de pessoas – judeus, especificamente. Se pegassem em árabes, Alá separaria.
Onde estão as vozes que condenam Israel constantemente por genocídio, uma acusação falsa, não obstante seja terrível o número de vítimas entre a população civil de Gaza, não visada especificamente?
Caladas.
Se Israel não tivesse um prodigioso sistema de defesa antiaérea e se os Estados Unidos não ajudassem a derrubar os mísseis balísticos antes mesmo de entrarem no espaço aéreo israelense, haveria milhares de vítimas sendo enterradas, atendendo aos múltiplos apelos ouvidos em países árabes e no Irã de que “os judeus se reúnam nos cemitérios”.
Alguns mísseis efetivamente caíram em terra, mas sem causar vítimas, disse o porta-voz das Forças de Defesa de Israel. Os locais são sigilosos, para “não dar informações ao inimigo”.
Vitória inexistente
Na realidade paralela que o Irã criou para parecer que está vingando as múltiplas humilhações infligidas por Israel, 80% dos mísseis atingiram o alvo.
Aliviados, depois da alta ansiedade de ficar um período relativamente curto, mas tenso, em abrigos antiaéreos que protegem a população no país inteiro, alguns israelenses brincaram: só se os alvos fossem os artefatos antiaéreos.
Na verdade, o maior número de mortos foi provocado por um atentado terrorista: seis pessoas assassinadas por dois homens armados com fuzis numa estação do veículo leve sobre trilhos de Telavive.
A incrível eficiência do sistema de defesa de Israel, desenvolvida ao longo de anos de ataques de foguetes vindos de Gaza, cria a dúvida: por que o Irã repetiu o mesmo balé bélico, igualmente fracassado, de 13 de abril passado? Pretenderia que os mísseis, detectados horas antes pelos Estados Unidos, fossem derrubados, para poder cantar uma vitória inexistente e não agravar ainda mais o quadro de extrema volatilidade?
E mesmo que tenha sido um ataque “cantado”, como Israel pode deixar passar em branco um ataque em massa?
Da última vez, em abril, os americanos pressionaram Israel a fazer apenas um contra-ataque mais simbólico do que efetivo. Conseguirão repetir o número?
Dança mortífera
Não é do interesse de Israel atacar o Irã gravemente, uma operação de alta complexidade em que os caças-bombardeios precisam ser reabastecidos no ar – Telavive e Teerã ficam a quase 1,6 mil quilômetros de distância – e de consequências literalmente inomináveis.
Se o dança mortífera parar por aqui, estará “bom”, entre aspas porque tudo é ruim quando há guerra.
Israel opera em duas frentes terrestres, Gaza e o sul do Líbano. Um ataque de verdade contra o Irã, embora venha sendo cogitado e treinado durante anos, elevaria a guerra a um nível completamente diferente.
As condenações à tentativa iraniana de genocídio continuam sendo aguardadas.