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O fim da era dos consensos

Governantes que acentuam a dissensão agora são a norma dominante

Por Vilma Gryzinski 16 fev 2025, 08h00

Todas as televisões mostram incessantemente, talvez até com um certo exagero, Donald Trump assinando decretos com suas canetas tipo marcador — inclusive porque ele aumentou o acesso da imprensa ao Salão Oval, o gabinete presidencial na Casa Branca. O que não aparece é que, com menos ímpeto e menos repórteres ao redor, Joe Biden fez exatamente a mesma coisa: dedicou-se a cancelar inúmeras medidas assinadas por Trump no primeiro mandato. Um presidente que desmancha tudo o que o antecessor fez é a marca do Terceiro Mundo. É bobagem dizer que os Estados Unidos adentraram esse indesejado território, mas também é inegável que acabou a era do consenso, quando um novo presidente mudava uma coisinha aqui, outra ali, favorecendo mais a livre-iniciativa no caso dos republicanos e os menos favorecidos quando eram democratas. Os parlamentares divergiam em questões pontuais, mas concordavam no essencial: política externa robusta para promover os interesses dos Estados Unidos, orçamento gordo para manter as Forças Armadas mais poderosas da história, propaganda para disseminar o modelo americano, tão admiravelmente bem-su­cedido, e o livre curso das transações comerciais. Quanto mais livres, melhor.

E todo mundo achava a globalização ótima, mesmo antes que começasse a ser chamada assim. Quem falava mal de globalização era a esquerda. A convergência de interesses era tão grande que os conservadores raiz, ressuscitados na era Obama, passaram a chamar democratas e republicanos de “uniparty”, ou partido único. Os consensos começaram a ruir quando a globalização mostrou a parte que não era tão boa assim para os americanos, principalmente pela desindustrialização nas áreas em que a máquina produtiva não foi substituída por atividades mais sofisticadas e, sim, por decadência, drogas e desesperança. As pulsões divergentes explodiram em duas esferas: a ambiental, com a revolta por programas de descarbonização que não cumpriam as promessas de criar novos e verdíssimos empregos, e a identitária, com a ascensão de um verdadeiro culto às minorias como solução para fazer a América pagar por pecados do passado, do presente e do futuro, perpe­tuando o ciclo da eterna vitimização.

“A direita populista e polarizadora captou muita coisa do espírito do tempo”

A revolta com um sistema bipartidário em que as posições divergentes se atenuam a ponto de alienar eleitores tradicionais não é um fenômeno exclusivamente americano. Na Grã-Bretanha, o partido mais votado, hoje, seria o Reforma do populista Nigel Farage, eclipsando instituições que foram modelo no mundo todo, como o Partido Trabalhista e o Conservador. O fenômeno Javier Milei continua a ser produto de uma rejeição às siglas tradicionais — perfeitamente compreensível, considerando-se o que fizeram com a Argentina. Milei tem sensores bem aguçados e, mesmo com as montanhas de problemas econômicos ainda pela frente, está se voltando para questões identitárias. Segundo uma pesquisa da Morning Consult, Milei é, entre quarenta pesquisados, o terceiro líder mundial com maior índice de aprovação: 65%. Trump é o quinto, com 52%. Lula é o décimo quinto, com 33%. São números bem diferentes das pesquisas habituais, mas sugerem que a direita populista e polarizadora captou muita coisa do espírito do tempo. Cada assinatura com barulhinho da caneta de Trump naqueles decretos é uma confirmação disso.

Publicado em VEJA de 14 de fevereiro de 2025, edição nº 2931

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