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O flagra no pai de Meghan a seis dias do casamento com Harry

O sogrão quis ser esperto e dar um aplique nos tablóides; justo quando a filha e o príncipe estavam com tudo pronto para o casamento politicamente correto

Por Vilma Gryzinski 13 Maio 2018, 11h02
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  • Ponham a pipoca no microondas. As viradas dramáticas animam qualquer história. É isto que está acontecendo com a narrativa cuidadosamente controlada do casamento de
    Harry, o neto-problema da rainha Elizabeth, com uma atriz americana do time B que ampliaria a diversidade racial da família real e transformaria o casal nos maiores promotores globais das causas politicamente corretas.

    O pai da noiva foi pego fazendo besteira. E isso antes daqueles discursos constrangedores que agora deram de fazer durante a festa com o propósito de embaraçar as filhas. Thomas Markle, diretor de iluminação aposentado no México, apareceu ao longo das últimas semanas em fotos que o mostravam, a certa distância, em situações meigas.

    Uma hora, lia um livro sobre paisagens inglesas num café. Outra, tirava medidas num modesto alfaiate mexicano para o terno que usaria na Capela de São Jorge, originalmente capela de São Eduardo, o Confessor (mais sobre esse rei alguns parágrafos adiante). Apareceu até andando com pesos nas mãos, para amenizar o corpanzil e pesquisando sobre a filha e o príncipe num café com internet.

    Problema: foi tudo armado. A vigarice é conhecida pelos paparazzi bem enturmados com celebridades que precisam aparecer e fingem que estão sendo fotografadas “de surpresa”. As fotos de Thomas Markle foram feitas por um dos mais conhecidos profissionais do ramo, o inglês Jeff Rayner, integrante da altamente competitiva tribo dos paparazzi de Los Angeles. As fotos foram vendidas em todo o planeta, ávido por qualquer coisa relacionada ao casamento real, especialmente os tablóides ingleses. É difícil imaginar que o lucro não tenha sido rachado.

    Problema: aplicar o golpe da foto surpresa em jornais de celebridades que conhecem exatamente todos os truques do ramo.

    O Daily Mail demonstrou a armação com imagens de câmeras de segurança e entrevista com funcionários dos estabelecimentos onde os espertinhos circularam. Markle e Rayner chegam juntos e rapidamente armam as fotos falsamente roubadas. Outro problema: tragicamente, a princesa Diana fazia um balé não muito diferente, e evidentemente sem a parte monetária, com os paparazzo – atiçando-os quando queria aparecer, fugindo deles quando não queria. Morreu nem túnel de Paris com os paparazzi atrás, na Mercedes dirigida por um motorista
    bêbado convocado irresponsavelmente no último minuto pelo chefe, o playboy Dodi Fayed.

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    Associar a palavra “paparazzi” à noiva de Harry, mesmo que ela nada tenha a ver com o trambique do pai, é um desastre de relações públicas.

    Sem espadas, com gurus

    Até agora, um dos maiores problemas de “imagem” dos profissionais de relações públicas contratados pelo palácio era a má vontade de uma parte do público britânico. Na imprensa, unanimemente deslumbrada, Meghan Markle é tratada com elogios tão constantes e algo exagerados que acabam provocando uma certa reação do pessoal do contra.

    Meghan Mardashian é uma das piadinhas feitas sobre a ex-atriz, numa referência ao clã Kardashian e sua voraz exploração da fama. A quantidade de profissionais usados por Meghan para cuidar de cada célula do corpo também não cai exatamente bem num país em que as mulheres da classe alta e aristocracia sequer fazem as unhas. Este cuidado estético ainda é considerado uma novidade nos círculos onde ter talheres de peixe ainda não foi completamente absorvido (só entraram nos faqueiros no século 19).

    O Daily Mail enumerou a impressionante equipe de beleza de Meghan. A esteticista é britânica, Nichola Joss, mas tem que ser chamada de visagista ou de guru da pele. As sobrancelhas são tingidas e depiladas Sherrille Riley, em Mayfair, um dos bairros mais chiques do Londres. Meghan também mudou as aulas de pilates para Londres, mas parece que mantém o mesmo instrutor de meditação (chamado, claro, de guru) , o americano Light Watkins. Depois da baixaria do pai, Meghan provavelmente precisa de muita meditação. O cabeleireiro, Miguel Perez, foi apresentado a Meghan “por Amal” – Amal é a mulher de George Clooney. O casal é um dos convidados para a cerimônia e a recepção no Castelo de Windsor.

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    Uma das vantagens para os turistas comuns é que o trem chega praticamente na entrada do castelo do século XI. Mas os convidados são aconselhados a ir de carro até um dos pontos de estacionamento e, dali, depois da triagem de segurança, seguir de ônibus. Os que usaram uniformes de gala, um dos trajes permitidos, não devem levar espadas. E os celulares serão entregues antes da recepção.

    Para dar o toque popular, crianças e jovens que “superaram desafios”, como diz o jargão, estarão entre os convidados que verão os noivos passar de carruagem ou circular entre os jardins.

    Mais politicamente correto: o líder da Igreja Episcopal americana, bispo Michael Curry, foi convidado a falar na cerimônia religiosa. A igreja é o braço americano da Comunhão Anglicana, a religião criada por Henrique VIII, um ruivo antepassado de Harry, expropriando tudo que era da Igreja Católica, inclusive os rituais. Os anglicanos sofreram um racha, liderado por religiosos africanos, depois que a ala americana consagrou o primeiro bispo gay.

    Michael Curry é negro e deve ter uma porção de boas ideias, mas todas as suas entrevistas são inteiramente focadas no incentivo que dá a gays e todas as outras letras do alfabeto de gênero.

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    O sucesso dos duques

    Duas coisas já foram “lacradas” pela imprensa. Primeiro, o vestido de Meghan será da grife Ralph & Russo (ela, Tamara Ralph, cuida da moda; ele, Michael Russo, do dinheiro). O casal de australianos “não fala” sobre o assunto, mas nunca deu tantas entrevistas.

    Segundo, a rainha escolheu o título de duque de Sussex para dar ao neto. Meghan será assim sua alteza real, a duquesa de Sussex. O título está vago desde 1843, quando morreu seu único detentor até hoje, o príncipe Augustus Frederick, um dos filhos do rei George III. Nunca houve uma duquesa de Sussex porque o príncipe se casou duas vezes sem a autorização do pai. As mulheres eram da nobreza, mas não podiam frequentar o palácio ao lado do marido, muito menos se sentar à mesa em posição equivalente.

    Sem ser alteza real, Meghan, como Kate, teriam que fazer reverência a todos os integrantes da família real, inclusive às primas feias, Beatrice e Eugenie, filhas do príncipe Andrew. Sussex é uma região do sul da Inglaterra que já foi um reino independente na época anglo-saxã que terminou sendo incorporado. Lá foi travada a batalha considerada o acontecimento mais importante da história britânica, a de Hastings.

    A batalha, do ano 1066, terminou com a vitória de Guilherme, o Conquistador, o rei normando que veio do que é hoje a França e se instalou, com armas, cavaleiros e língua no novo reino. A Inglaterra estava dividida desde a morte de Eduardo, o Confessor (aquele da capela de Windsor) que foi um santo mas não deixou sucessores, a função mais importante de qualquer monarca.

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    Com a monarquia ocupando apenas uma função representativa, embora o papel simbólico continue profundamente arraigado, o príncipe Harry, agora no sexto lugar na linha de sucessão, pode se casar com a mulher que escolheu por amor. Num sinal dos tempos, foi feita uma pesquisa daquelas que os ingleses adoram sobre personagens históricos envolvidos na batalha de Hastings e fictícios de Game of Thrones.

    Nenhuma supresa com o resultado: eram mais conhecidos os de Game of Thrones (muitos elementos históricos foram usados na ficção e Hastings é frequentemente comparada com a batalha que está no início de tudo, a que depôs a dinastia Targaryen e levou Robert Baratheon ao trono dos sete reinos).

    Pelo menos, de séries de televisão Meghan Markle, como ex-protagonista de Suits, entende. Difícil é saber como o pai dela, que viveu no mundo das séries durante décadas, não percebeu que as trambicagens sempre acabam reveladas.

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