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O mágico e o leão: a incrível disputa entre Massa e Milei pela presidência

Com pesquisas empatadíssimas, não dá para cravar o vencedor no domingo, mas as duas candidaturas resumem a capacidade argentina de surpreender

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 20h03 - Publicado em 17 nov 2023, 08h07

Permitam os leitores o uso de palavras nada finas, mas é impossível deixar de reproduzir uma fala de Néstor Kirchner sobre Sergio Massa. Um era presidente e o outro, seu chefe de gabinete. Kirchner convidou o subordinado a se sentar na cadeira presidencial, o histórico “sillón de Rivadavia”. E prognosticou: “Um dia, Sergio, você vai se sentar aqui, porque tem muita ambição, muitos amigos ricos, mas principalmente porque é um grande filho da ****”.

É claro que foi dito como um elogio – é assim que falam os políticos na intimidade.

Essa característica, significando astúcia e capacidade de passar a perna nos adversários, levou Sergio Massa a uma eleição em que, para ser candidato, e candidato viável, enfrentou praticamente toda a máquina peronista e, acima de tudo, enfrentou a si mesmo, como ministro de uma economia com projeção de inflação anual batendo nos 190%, o dólar voltando a roçar os 1 000 pesos e quinze tipos de cambio, um labirinto de dar arrepios até nos mais fieis leitores de Borges.

“Desde que chegou ao Ministério da Economia, agravou todos os problemas e quase não tem um indicador positivo de sua gestão. Mas queria ser candidato a presidente e conseguiu. Chegou com uma gestão desastrosa, improvisando, mas aqui está”, resumiu para o La Nación o jornalista Diego Genoud, autor de uma biografia de Massa.

O candidato do peronismo, embora ele mesmo tenha sua vertente própria, que alinha ou não ao movimento, conforme a conveniência, tem a vantagem de transmitir uma imagem presidencial – explorada pelos marketeiros de diversas proveniências, inclusive do Brasil. O New York Times fez uma reportagem dizendo que essa eleição na Argentina é a primeira com uso em massa de inteligência artificial. As imagens de Massa como diferentes tipos de heróis (ou anti-heróis), de Indiana Jones a Mao Tsé Tung, são a prova de que a campanha peronista despertou para a linguagem contemporânea depois de ser colocada no chinelo pelo furor nas redes que caracterizou Javier Milei.

Um Massa heróico acariciando um leão, o animal escolhido por Milei para despertar os sentimentos libertários em seus seguidores, resume a força da campanha do governista (considerando-se que, na prática, o governo é dele; o presidente Alberto Fernández pode ser dado como desaparecido).

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Como é possível que tantos argentinos acreditem que Massa, tendo liberdade de ação quando assumiu a pasta da Economia, fará, se eleito presidente, alguma coisa que não fez como ministro?

É preciso uma enorme suspensão de credibilidade, o ato que a literatura e a boa dramaturgia podem levar o leitor a fazer, aceitando situações que quebram os limites da realidade.

Mas provavelmente o maior de todos os eleitores de Sergio Massa seja o próprio Javier Milei, com a aura de subversão de todos os princípios da política e do bom senso – e o risco de que os nobres princípios do liberalismo econômico sejam arrastados na lama.

O alto teor de instabilidade que transformou o economista de cabelo revolto e maquiagem pesada num fenômeno eleitoral é também o fator que mais assusta um eleitorado que optaria pela oposição, mas tem medo do maximalista de Milei.

“É impressionante que, ao falar da pessoa que pode presidir esse país, devemos falar sobre como é sua relação com um cachorro que morreu anos atrás, o que permite vislumbrar como sua instabilidade é profunda”, disse o outro entrevistado pelo La Nación para o perfil dos presidenciáveis, Juan Luis González, que escreveu uma biografia, usando o apelido de juventude de Milei, El Loco.

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“Estamos falando de uma pessoa que toma decisões baseadas num gabinete formado por cachorros clonados, que acha que é um escolhido por Deus, que diz dialogar com Deus e ver Deus.”

Nada disso impediu a direita tradicional de vários países de apoiar Milei, “um candidato novo na política, com quem temos muitas divergências, mas que acredita nas ideias de liberdade e tem uma visão muito acertada do diagnóstico a respeito dos problemas econômicos do país”. Assinam o escritor Mario Vargas Llosa, o ex-primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy e o ex-presidente chileno Sebastián Piñera. Além, claro, de Mauricio Macri, que costurou o apoio a Milei de sua candidata, a derrotada Patricia Bullrich.

Poderá esse apoio ser decisivo? Ou conseguirá Massa domar o leão que ruge de desespero diante da derrocada econômica da Argentina?

Qualquer outro candidato oposicionista provavelmente seria eleito, mas os eleitores escolheram Milei para ser o antagonista de Massa. Um “louco” contra um “filho da ****”. Que eleição.

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