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O massacre das inocentes

Jovens adolescentes são as mais expostas à crueldade das redes

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 jun 2024, 11h14 - Publicado em 19 mar 2023, 08h00

“Não vejo esperança para o futuro de nosso povo se ele depender da juventude frívola de hoje, pois com toda a certeza a juventude é tão irresponsável que não há palavras para descrever. Quando eu era jovem, aprendíamos a ser controlados e a respeitar os mais velhos, mas a juventude atual é extremamente desrespeitosa e incapaz de se controlar.” A advertência feita há 2 700 anos por Hesíodo, o poeta que sistematizou a mitologia grega, inaugurou um hábito que se repetiu através dos séculos: achar que os jovens estão perdidos. Literatura romântica, histórias em quadrinhos, Coca-Cola, rock, funk, filmes da Disney, marxismo, gramscismo, pós-­modernismo, blusinhas cropped e, naturalmente, drogas foram alguns dos elementos invocados em tempos mais recentes como deturpadores das mentes juvenis, inventados pelo imperialismo americano ou pelo comunismo internacional para escravizar seres em formação.

O fato de que tenha havido alguns exageros nesse percurso não elimina o efeito deletério sobre crianças e adolescentes de uma novidade sem precedentes na história humana: as redes sociais, onde todos se comparam e são julgados, repelidos ou incentivados. O psicólogo social e acadêmico americano Jon Haidt associa as redes a dois fenômenos concomitantes: o aumento da depressão em meninas, mais sensíveis ao julgamento dos grupos, e a disparada do que nos EUA é chamado de liberalismo ou progressismo, traduzido em movimentos estudantis nos ambientes universitários para proibir palestrantes, castigar “desviacionistas” e implantar políticas de restrição à liberdade de expressão. Em conjunto, esses fenômenos produziram três regras opostas aos fundamentos para uma personalidade saudável: 1) o que não mata me faz mais fraco; 2) sempre acredite nos seus sentimentos; 3) a vida é uma batalha entre pessoas boas e pessoas más.

“Há um efeito deletério de uma novidade sem precedentes: as redes sociais, onde todos se comparam e são julgados”

Essa tríade incentiva a debilidade, não a força interior, o que suscita uma pergunta perturbadora: estariam pais liberais criando meninas psicologicamente mais fracas, ao se verem como vítimas do patriarcado e de outros males? A produção em massa de jovens deprimidas foi retratada numa pesquisa de 2020. À pergunta “Já ouviu de um profissional de saúde que você sofre de algum problema na área da saúde mental?”, as respostas na faixa dos 18 aos 29 anos foram espantosas: mais de 50% das jovens de orientação liberal responderam que sim, contra pouco mais de 30% dos homens. Moderados: quase 30% das jovens e menos de 20% dos rapazes. Conservadores: 20% das mulheres e cerca de 15% dos homens. Quaisquer que sejam as simpatias políticas, as mulheres são sempre mais expostas.

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Outro fenômeno: a quantidade de meninas que procuram ajuda médica dizendo que são meninos trans é hoje, na Inglaterra, de 75%, contra 25% dos jovens do sexo masculino. Uma inversão da proporção registrada há poucos anos. Isso indica que fatores sociais estão pesando de maneira avassaladora sobre meninas, muito mais expostas não só ao desejo de aprovação social como ao próprio uso das redes — meninos tendem mais a ser abduzidos pelo universo dos jogos. “A juventude é a coisa mais bela da vida. Que pena desperdiçá-la com jovens”, provocava Bernard Shaw. E se, descontando a ironia, estivermos realmente desperdiçando nossas jovens?

Publicado em VEJA de 22 de março de 2023, edição nº 2833

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