Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O mundo se desmancha à volta de Macron, mas a culpa não é só dele

Onda de greves e voto de desconfiança no primeiro-ministro fazem parte da vida normal da França; grave são os problemas sistêmicos

Por Vilma Gryzinski 28 ago 2025, 08h51

Emmanuel Macron foi uma decepção: jovem, equilibrado, inteligente, eloquente, com pleno conhecimento dos grandes problemas do país (e dos pequenos também, é obcecado por estudar todos os assuntos), ele deveria ter compreendido como enfrentá-los de forma a manter tudo de bom que existe no sistema francês e fazer as reformas que o tornassem sustentável. Infelizmente, não funcionou assim.

A onda de greves marcada para o próximo dia 10 e, antes disso, o voto de confiança – mais inclinado a desconfiança – no primeiro-ministro François Bayrou, cuja permanência é praticamente impossível, não são novidades na vida política. O problema é a visão unânime, da esquerda à direita, de que existe alguma solução que não seja pelo menos uma austeridade light, como a atualmente proposta, incluindo a “ofensa” que deixa tantos franceses apopléticos: a eliminação de dois feriados do calendário anual de folgas.

Seria uma forma de acrescentar quatro bilhões de euros à economia, sufocada por uma dívida pública equivalente a 114% do PIB e um déficit orçamentário de 54 bilhões de euros. Uma forma praticamente simbólica, mas que deixou o país em surto. Mostra uma pesquisa Odoxa que 84% dos franceses são contra, 66% “não veem relação entre trabalhar mais e diminuir a dívida e o déficit” e 74% acham que já trabalham muito.

Por trás disso, obviamente, está o conceito de que o estado deve prover tudo, continuamente, um inerradicável conceito francês – tanto que nem a direita endossa totalmente, quando não rejeita, os princípios do liberalismo.

DOIS GRANDES PROBLEMAS

Macron deveria ter feito a média entre as pulsões tão divergentes, mas não conseguiu. Tem hoje por volta de 28% de aprovação. Esquerda e direita mais radicais querem que ele não apenas, dissolva o governo, mas convoque eleições e, quem sabe, renuncie. O presidente não vai fazer isso, mas o fato de que hoje tal proposta tenha entrado para o vocabulário político corrente já mostra como a situação está deteriorada. O mandato dele só termina em 2027 e dificilmente terá fôlego para as reformas necessárias. A até hoje inexplicável convocação de eleições no ano passado varreu sua maioria parlamentar e o tornou um presidente de fachada, sem poder para mexer nos muitos vespeiros do sistema francês.

Continua após a publicidade

Como outros países europeus, a França tem dois grandes problemas: governos que tomam dinheiro emprestado para manter os invejáveis benefícios do estado de bem-estar social e o convívio com grandes populações de imigrantes e descendentes que não querem se integrar a sociedades ocidentais avançadas, geralmente abraçando uma versão retrógrada da religião muçulmana.

Os franceses também são adeptos do conceito de “malaise”, um desconforto social que a esquerda atribui aos ricos malvados que não pagam impostos suficientes e a direita ao estilo lepenista à sensação de que a sociedade vai sendo diluída pela presença em massa de imigrantes não integrados.

Somente um sólido crescimento econômico romperia estas barreiras, mas não vai acontecer. Ao contrário, 70% dos franceses acreditam que seu padrão de vida está caindo.

Continua após a publicidade

FALTAM POLÍTICOS

Quem vê a França de fora, enxerga um sistema público de saúde que funciona melhor que o britânico, meios de transporte eficientes, eletricidade farta o suficiente para ser exportada (ninguém fala, a sério, em fechar usinas nucleares, como aconteceu na Alemanha) e restaurantes cheios de mesas ao ar livre no verão para praticamente todos poderem aproveitar “un coup de soleil”. Sem falar na riqueza dos tesouros culturais e naturais.

Por dentro, a insatisfação é tanta que até os coletes amarelo, o movimento originalmente de motoristas do interior revoltados com uma nova taxa para a gasolina, ressurgiram para a nova temporada de greves, Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa, tem um discurso mais radical do que o do Psol. Todos sonham em fazer com o presidente o que Brigitte Macron fez – ou talvez não – naquela viral cena na porta do avião. Quem reconhece seus méritos fica de coração desiludido. Qual outro político seria hoje um bom líder para a França, com pleno conhecimento dos problemas da economia e das complexidades sociais?

Até a adversária tradicional, Marine Le Pen, está inelegível, falta peso a seu substituto, Jordan Bardella, e nomes de centro-direita como Bruno Retailleau são desanimadores. Na esquerda não radical, acreditem, andaram até especulando sobre uma ressurreição de François Hollande. Na terra tão tradicionalmente imersa na política, faltam políticos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 28% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 10,00)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 39,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.