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O palhaço de Putin: chefe de mercenários cumpre um papel na guerra

A última de Ievgueni Prigozhin foi desafiar Zelensky para um duelo aéreo, uma encenação que ajuda a entender como o “terceirizado” funciona

Por Vilma Gryzinski 7 fev 2023, 07h41
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  • SAINT PETERSBURG, RUSSIA - JUNE 16: (RUSSIA OUT) Russian billionaire and businessman, Concord catering company owner Yevgeny Prigozhin attends a meeting with foreign investors at Konstantin Palace June 16, 2016 in Saint Petersburg, Russia. Russian President Vladimir Putin is in Saint Petersburg to attend the International Economic Forum. (Photo by Mikhail Svetlov/Getty Images)
    Múltiplas utilidades: Prigozhin serve para manter os militares tradicionais em estado de ansiedade e, eventualmente, ser um bode expiatório // (Mikhail Svetlov/Getty Images)

    Centenas de homens morrem diariamente nos campos de combate, civis inocentes são bombardeados em sua casas e a praga da guerra espalha por toda a Ucrânia seus vapores mefíticos. É hora de fazer piada?

    Ievgueni Prigozhin, chefe do grupo Wagner, mercenários que funcionam como uma força terceirizada, acha que sim. Depois de mandar milhares de prisioneiros que trocaram a cadeia pela esperança da anistia como bucha de canhão, Prigozhin tem certeza que está perto de tomar a localidade de Bakhmut.

    Tão certo que “desafiou” Volodymyr Zelensky para um duelo aéreo que decidiria o destino do lugar. “Amanhã, vou pilotar um MiG-29. Se você quiser, vamos nos cruzar no céu. Se você ganhar, fica com Artiomovks (Bakhmut). Se não, nós avançamos até o Dnipro”, disse num vídeo feito na cabine de comando de um avião de guerra.

    Parece um palhaço falando, mas o propósito não tem nada de engraçado. Prigozhin, que ascendeu de presidiário a dono de um restaurante onde servia Vladimir Putin e convidados importantes, saltando daí à fortuna como fornecedor de alimentação para o Exército e criador do grupo Wagner, tem vários papéis importantes. 

    E talvez o maior deles seja ser usado por Putin para “equilibrar” o poder dos militares de carreira. É um clássico da Rússia, sobretudo no período soviético, jogar diferentes forças no caldeirão para que nenhuma delas se torne a detentora da palavra final. Stálin foi o mais consumado praticante dessa tática, com comissários políticos implantados em cada uma das unidades militares – e com poder de fuzilamento, à altura daqueles tempos sombrios.

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    Já ficou mais do que claro que a hierarquia militar e o Ministério da Defesa se sentem mais do que desconfortáveis com o papel agressivo de Prigozhin, que nas últimas três semanas tem propalado a tomada de Bakhmut com suas próprias forças mercenárias, incluindo os presidiários libertados em troca de seis meses na frente de combate.

    O exibicionismo de Prigozhin pode ter também uma outra utilidade. Segundo alguns analistas militares, os russos estão usando a mesma tática diversionista vitoriosa dos ucranianos quando retomaram a cidade de Kherson: fingem que estão concentrados em Bakhmut enquanto preparam na verdade uma grande ofensiva qual a qual pretendem mudar os rumos da guerra quando completar um ano, no próximo dia 24.

    De valor estratégico discutível, Bakhmut ganhou importância simbólica – e, sobretudo nessa guerra, a importância dos símbolos já foi suficientemente demonstrada. Diariamente, militares ucranianos fazem postagens para comprovar que “continuamos aqui”, embora os russos pareçam estar perto do controle total.

    A pequena localidade também pode definir o futuro não só de Prigozhin que, como elemento de fora do arcabouço institucional,  precisa dos favores do todo-poderoso Putin para sobreviver, como do general Valeri Gerasimov, o chefe do estado-maior que foi colocado no comando direto das forças invasoras.

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    “Prigozhin é o ator mais fraco – e por isso precisa latir mais alto”, segundo Anna Arutunyan, escrevendo na Spectator. “Embora seja popular no campo dos falcões, tem muito menos proteção do que o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, ou qualquer um dos generais de Putin”.

    A analista acredita que o homem que foi conhecido como o chef de Putin também pode ser usado como bode expiatório caso algo dê muito errado.

    E daí não haveria mais ninguém rindo das piadas dele.

    A próxima etapa da guerra deve mudar o quadro com o qual, de certa maneira, nos habituamos – o ser humano se adapta a tudo. A Ucrânia tem que se preparar para ataques mais violentos, exatamente num momento em que também exibe vulnerabilidades como a situação indefinida sobre o ministro da Defesa, Oleksi Reznikov, que está cai não cai por causa de uma investigação que apurou corrupção em contrato de fornecimento de rações para o Exército.

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    Ironicamente, o mesmo setor que fez a fortuna de Ievgueni Prigozhin. Sem os contratos camaradas, o russo perde a origem de seu poder. E sabe perfeitamente bem disso. Entre tantos destinos que essa guerra vai alterar, o dele é um dos mais interessantes de acompanhar.

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