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O pior dos mundos nos EUA: protestos violentos e epidemia

Delegacia invadida e incendiada é coisa de terceiro mundo? Não, aconteceu em Minneapolis, na onda de furor pela morte de detido negro

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 29 Maio 2020, 09h46 - Publicado em 29 Maio 2020, 07h24

Qualquer pessoa minimamente decente tem um nó no estômago ao ver o vídeo em que um policial mantém George Floyd submetido, com um joelho no pescoço, durante oito minutos. Quando tira, ele já está morto.

E qualquer pessoa, em condições idem, repudia a onda de protestos violentos, com saques, incêndios e a invasão da delegacia em Minneapolis, a cidade sobre o rio Mississipi bem ao norte dos Estados Unidos.

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A morte de Floyd aconteceu num momento péssimo: a epidemia do novo coronavírus ainda tem focos importantes no interior do país, os ânimos estão exaltados à medida que se aproxima a eleição presidencial de novembro e Donald Trump não é exatamente um pacificador.

Trump fez tudo de acordo com o manual: lamentou a morte “revoltante e trágica”, colocou o FBI, o Departamento de Justiça para investigar se o crime pode entrar para a esfera federal e ofereceu ajuda ao governador de Mineápolis, Tim Waltz, para controlar a situação.

Tudo na língua Trump: “Qualquer dificuldade e nós assumiremos o controle, mas quando os saques começam, começam os tiros”.

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O Twitter, em guerra com o presidente, censurou Trump pelo tuíte que “viola nossa política referente à glorificação da violência”.

Se fosse censurar todos os tuítes referentes ao caso pelo mesmo critério, poucos sobrariam.

Durante os três anos e meio do atual presidente, houve menos casos similares ao de George Floyd, com imagens revoltantes e reações violentas, em comparação com o governo Obama, que viu nascer o movimento Black Lives Matter.

Hoje, o movimento é relativamente menos agressivo do que o Antifa, os encapuçados que atuam com a mesma tática violenta do Black Bloc. 

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Os dois grupos, somados a manifestantes comuns, mais os aproveitadores ocasionais que aproveitam para saquear estabelecimentos comerciais, promoveram os dois dias seguidos de protestos violentos que culminaram no incêndio da delegacia.

O caso está agora no momento mais perigoso. 

As autoridades não podem perder o controle, sob o risco de não garantirem mais a segurança dos cidadãos comuns. Para retomar o controle, só com o uso legítimo da força. E o uso da força, mesmo justificado, provoca mais protestos.

A onda está se alastrando por outros estados americanos.

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Sete pessoas foram baleadas em Kentucky e a sede do governo em Columbus, Ohio, foi invadida.

Não existe questão mais explosiva nos Estados Unidos do que a racial e a aguda polarização política alimenta o tipo de protesto mais deletério – o que manipula politicamente a natural revolta de casos assim.

O que aconteceu com George Floyd? Como é comum nesses episódios, o caso começou com um delito banal. 

Floyd tentou passar uma nota falsificada de 20 dólares numa lojinha da cidade. Um funcionário chamou a polícia e, a partir daí, os vídeos feitos por transeuntes, contam a história.

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Derek Chauvin, o policial que subjugou Floyd, só entrou em ação, tragicamente, no fim da intervenção.

Floyd, um homem muito alto e forte, foi abordado num carro, algemado e encostado na parede, Reclamava muito, mas não ofereceu o tipo de resistência que justifica o uso da força.

Quando seria transferido para um carro da polícia, tentando se opor, Chauvin interferiu e o dominou com o joelho apertando o pescoço.

Floyd disse várias vezes: “Não posso respirar”. A certa altura, gemeu: “Mama, mama”.

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Os quatro policias foram expulsos, o que, obviamente, não encerrou a questão.

Hoje vai ser um dia em que muita coisa pode acontecer nos Estados Unidos. No melhor dos mundos, a desejo quase unânime de que a justiça seja feita se refletiria em protestos não-violentos.

No pior, o que já aconteceu em Minneapolis será sobrepujado por atos muito maiores do tipo de violência que não traz justiça, só miséria para os cidadãos que perdem comércios e a proteção a todos devida.

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