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O triunfo de Kim Jong-un: contra todas as expectativas, tirano prospera

Viagem a Pequim, a primeira a um evento multinacional, mostrou que o ditador hereditário da Coreia do Norte está em fase de alta

Por Vilma Gryzinski 4 set 2025, 07h30

Só faltou Donald Trump, dizem os piadistas. E talvez o presidente americano tenha sentido uma pontinha de inveja ao ver a reunião inédita de três líderes ditatoriais para os quais costuma reservar palavras amistosas. Mas quem mais teve motivos para comemorar foi o elo fraco, o tiranete de um país que parece viver numa realidade paralela e conseguiu desfilar entre gigantes, Xi Jinping e Vladimir Putin, como se o rubicundo Kim Jong-un tivesse um lugar na mesa dos adultos.

Depois de crises em que a população morria, literalmente, de fome e o regime, mesmo ancorado num autoritarismo sem paralelos mesmo com as piores ditaduras, parecia correr o risco de se desmanchar, os ventos estão soprando a favor de Kim. Tão a favor que ele se sentiu em condições de fazer uma espécie de apresentação internacional da herdeira aparente da bizarra dinastia comunista: sua filha, Ju-ae, que tem apenas entre doze e treze anos, mas já iguala o pai em altura e seria a quarta Kim no poder num futuro ainda distante – o pai tem apenas 41 anos.

Tem que estar muito seguro de que nenhum general vai se sentir incentivado a dar um golpe para levar a família inteira, incluindo a irmã linda e maldosa, Kim Yo-jong, numa viagem internacional de trem – ele não gosta de andar de avião e o trem blindado, uma velharia do tempo do seu avô, o fundador da dinastia, tem um valor propagandístico importante.

Ressalta-se que o blindado não vale nada na era dos mísseis de altíssimo poder explosivo, como sabem aqueles generais que sequer pensam numa mudança precipitada do poder sob risco de execução sumária.

ESTRATEGISTA ATILADO

O mundo inteiro viu a reordenação mundial que Xi Jinping almeja comandar, da qual o desfile do pequeno Kim teve sua parte. Inclusive para mostrar que o norte-coreano pode se beneficiar, simultaneamente, das bênçãos da China, às quais deve sua sobrevivência nos tempos das vacas magérrimas, e da Rússia, cultivada com o envio de munição, mísseis e treze mil soldados para lutar contra a Ucrânia. O fato de que vários milhares já tenham morrido não altera em nada a nova aliança que deixa Putin sorrindo de contentamento, uma raridade.

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Por que Kim virou parte numa guerra com a qual não tem nada a ver? Primeiro, porque pode. Não haverá familiares protestando contra as mortes no front nem muito menos comentários críticos na mídia. Segundo, porque não só refez como inaugurou uma nova fase na relação com a Rússia, nem sempre tranquila, desde os tempos da finada União Soviética.

Ter Putin entusiasticamente do seu lado também contrabalança a importância da China, que manda petróleo e recebe trabalhadores norte-coreanos, além de bancar o programa nuclear que atemoriza o mundo.

Agora, as duas maiores potências nucleares, depois dos Estados Unidos, têm tratados de defesa com a Coreia do Norte.

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O pequeno Kim se mostra, assim, um estrategista atilado.

LIMPA NO DNA

“Rússia, China e Coreia do Norte não estão numa aliança trilateral formal, nem têm políticas externas e internas idênticas. Mas a pior conclusão que se poderia tirar no Ocidente é que este triunvirato nada santo não tem importância”, escreveu na Spectator o acadêmico inglês Edward Howell. “Se a Rússia continuar a fornecer tecnologia militar à Coreia do Norte e a China continuar a buscar a ‘reunificação’ com Taiwan, o Ocidente e nossos parceiros e aliados (com a Coreia do Sul à frente) não terão tempo de ficar sentados esperando.”

O clima de paranoia não mudou: depois de um encontro com Putin, funcionários norte-coreanos esfregaram a cadeira e até a parede onde Kim se sentou, presumivelmente para tirar potenciais amostras de DNA – uma tática não exatamente estranha ao líder russo, cujos dejetos corporais são coletados em sacos plásticos e retirados em viagens ao exterior, para impedir que serviços de inteligência estrangeiros descubram doenças a partir de rastros genéticos.

Kim, como se vê, não domina o mercado da paranoia, mas parece estar não só muito bem instalado no poder, como até fazendo o papel de estadista. Alguém imaginaria isso? E alguém imaginaria a mensagem de congratulações à China enviada por Trump, com” os melhores votos para Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto vocês conspiram contra os Estados Unidos da América”? O mundo está mesmo vivendo uma fase estranha.

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