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Palestinos apoiam em massa o Hamas: como pode haver paz assim?

Acordo pelo fim da guerra em Gaza está periclitando e pesquisa mostra que a população da faixa e da Cisjordânia quer radicais no poder

Por Vilma Gryzinski 30 out 2025, 06h34

O Hamas continua recuperando espaços na área de Gaza de onde Israel recuou e manipular a devolução de corpos de reféns mortos, a ponto de simular resgate de restos mortais. Benjamin Netanyahu já retaliou e vai continuar a fazer isso, apesar da pressão dos Estados Unidos. E, a prazo mais longo, as perspectivas também são lamentáveis: a população da Cisjordânia, onde existe um governo relativamente autônomo chefiado pelo presidente Mahmoud Abbas, e a de Gaza, cruelmente castigada durante a guerra, apoia em massa o Hamas. No total, 53% dizem que o Hamas estava certo ao atacar Israel em 7 de outubro de 2023 e 86% dizem que a organização islamista não cometeu as atrocidades amplamente divulgados por seus próprios autores. 

É uma realidade conhecida, mas desanimadora. Como pode haver uma acomodação que leve a um futuro estado palestino, com independência, coexistência e segurança para todos, se a população prestigia a organização cuja razão de existir é combater Israel até a sua eliminação?

Outro dado da pesquisa mostra um grande apoio – 67% – a um governo de Gaza integrando por tecnocratas palestinos, “incluindo a implementação de um programa de reconstrução sob auspícios internacionais”. Mas o apoio cai para 45% se o o “governo de especialistas” não tivesse conexão com o Hamas e a Autoridade Palestina – justamente uma das condições que levaram ao cessar-fogo, embora este fosse muito vago sobre a forma real  que esta administração neutra assumiria, temporariamente, o poder.

Uma grande maioria de 68% também é contra que exércitos de países vizinhos aliados dos Estados Unidos, como o Egito, a Jordânia e outros muçulmanos, formasse uma força internacional para conduzir o desarmamento do Hamas, outro ponto vital do cessar-fogo que não está sendo cumprido – e dificilmente o será, na ausência de movimentos sérios para concretizá-la.

AUTOILUSÃO E NEGACIONISMO

O Hamas vai voluntariamente entregar suas armas, sem nenhuma força para supervisionar o processo? É claro que não. A atmosfera de justificado otimismo que cercou o acordo vai assim perdendo força, mesmo que Donald Trump seja categórico na defesa do entendimento que aumentou tanto seu prestígio a ponto de ser louvado por árabes – não fundamentalistas – e judeus.

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Qual a chance de um futuro estado palestino? Nem os palestinos o querem, ao contrário do que acreditam muitos ingênuos. Segundo a pesquisa na Cisjordânia e em Gaza, 45% apoiam a proposta e 53% são contra – ou seja, favorecem a eliminação de Israel. Essa autoilusão também se revela no negacionismo das atrocidades cometidas contra judeus, na ampla maioria, com alguns árabes israelenses e trabalhadores agrícolas asiáticos também vitimados. Como foram atos de extrema barbárie, incluindo o assassinato de crianças e estupros com violência difícil de ser reproduzida, a maioria dos palestinos prefere dizer que não aconteceram, contra a montanha de provas em contrário.

E se houvesse eleição hoje na Cisjordânia,  Khaled Meshaal, que mora no bem bom do Catar, teria 63% dos votos, contra 27% para o octogenário Abbas – que, por sinal, sempre evitou esse risco, adiando novas eleições há mais de vinte anos, numa atitude não inteiramente condenada por governos ocidentais, perfeitamente conscientes de que a alternativa seria muito pior.

O único motivo de esperança para quem deseja que todos vivam em paz e segurança, incluindo a chance extraordinária de não só reconstruir, mas reinventar Gaza como um centro irradiador de prosperidade, não de terrorismo, é que quando as iniciativas de entendimento mostram resultados práticos, aumenta o apoio entre os palestinos de uma solução com coexistência. Isso também acontece com a população israelense.

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VIZINHOS COMPLICADOS

É um motivo bem frágil e demanda um processo de “desradicalização”da população – e não uma população comparável, em nível educacional e de desenvolvimento, à da Alemanha e à do Japão no pós-guerra. O fundamentalismo muçulmano é um fenômeno com poucas décadas de existência nos territórios palestinos, onde a religião muçulmana – e a cristã também, desde sua ascensão brutalmente reprimida – era a tradicional, mas sem radicalismos proveniente dos países do Golfo, como cobrir inteiramente o rosto das mulheres com o niqab e outras atitudes extremamente intolerantes.

A construção da paz é um processo complicadíssimo e Steve Witcoff e Jared Kushner, que usaram seus contatos com os árabes cheios de petrodólares e foram justificadamente louvados por conseguir o que parecia impossível, precisam voltar à cena, ou ter substitutos tão bons quanto eles, para fazer a parte chata do trabalho. Construir, centímetro por centímetro, o projeto de convivência de inimigos viscerais.

Diz uma das tantas piadas sobre judeus que o arcanjo Gabriel perguntou a Deus: “Por que destes  a Israel um povo tão inteligente, tão capaz de enfrentar desafios, com um instinto de sobrevivência incomparável e a rara capacidade de transformar o deserto em oásis?”. Deus respondeu: “Espere só para ver os vizinhos que vou dar a eles”.

É com esses vizinhos que Israel precisa construir a paz, obviamente com força, em favor de seus próprios interesses. E mesmo que eles prefiram a solução da violência.

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