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Traída, a rainha está muito, muito brava com o neto Harry

Nunca Elizabeth manifestou uma reação tão forte, mas também nunca levou um desaforo tão grande quanto um 'pedido de demissão' sem aviso prévio

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 jan 2020, 18h51 - Publicado em 9 jan 2020, 18h17
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  • Eles resolveram seguir sua vida própria, deixando o primeiro time da família real, sem sequer se dar ao trabalho de seguir um plano em comum com a avó mais poderosa do mundo.

    Harry e Meghan pisaram feio na bola.

    Aos 93 anos, a rainha Elizabeth está vivendo uma crise que ninguém merece, ainda mais uma mulher na sua idade – e tão totalmente comprometida com a tarefa de qualquer monarca, a garantia de sucessão de sua linhagem e de sobrevivência da monarquia.

    O golpe foi tão grande – e tão absurdamente desnecessário -, que o “Palácio”, como a rainha é chamada metaforicamente, está respondendo com uma fúria nunca vista.

    Primeiro foi informado, oficialmente, que a rainha estava “decepcionada”. Ou seja, fula da vida.

    Uma manifestação de aborrecimento sem precedentes, principalmente para a mulher que vem seguindo em seus 66 anos de reinado a máxima de “never complain, never explain”. Ou nunca reclame e nunca dê satisfações.

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    Depois, um comunicado oficial, com o brasão do leão e do unicórnio, mencionou as “questões complicadas que levam tempo para ser resolvidas”. Ou seja, foi uma ofensa grave.

    E nenhum dos assessores do Palácio deixou de repetir isso, sem parar, a seus jornalistas de confiança. Em termos nada ambíguos.

    “Eles vão ser castigados”, resumiu uma dessas fontes.

    Outra: “Receberam tudo o que queriam, o casamento como queriam, a posição de liderança na Comunidade Britânica, a reforma da casa em Windsor. Retribuíram assim”.

    A cronologia reconstituída pelos insubstituíveis tabloides foi a seguinte: pouco antes do Natal, Harry mandou para o pai as linhas gerais do plano que ele e Meghan tinham de cair fora como membros de primeira linha da família real e se mudar para a “América do Norte” – mantendo, contraditoriamente, várias de suas mordomias, sem contar o lugar dele, o sexto, na linha de sucessão e o título de duque de Sussex.

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    Pediu uma reunião com a avó, em Sandringham, o palácio onde passa o período de festas de fim de ano com membros da família (Harry e Meghan haviam esnobado o convite e ido de férias para o Canadá, onde deram os toques finais em seu plano).

    A rainha respondeu que não queria nem falar no assunto. Pediu explicitamente ao neto que segurasse o anúncio da “demissão” até que tudo fosse discutido melhor e que Charles, o pai e herdeiro, negociasse os termos e desse seu aval.

    Seria uma espécie de aviso prévio, sob segredo de família.

    Foi ignorada. A longa nota do casal saiu no Instagram, o tipo de coisa escrita por uma comissão de assessores, com um desaforo adicional.

    Harry e Meghan disseram que deixavam suas funções como membros a família em tempo integral, com os compromissos oficiais envolvidos, mas continuariam a “apoiar sua majestade, a rainha”.

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    Ninguém, evidentemente, “apoia” a rainha. Em sua posição de monarca e chefe da família real, ela tem que ser obedecida e saudada com uma reverência |(cabeça inclinada para os homens, joelhos dobrados para as mulheres, como numa posição de balé).

    Também é a rainha quem dá apoio, como fez, de sorriso e braços abertos, com o neto querido, a mulher com quem ele escolheu se casar e o pequeno bisneto.

    Não foi retribuída.

    A súbita ruptura, que já vinha sendo insinuada mas mesmo assim teve um efeito bombástico, está revelando uma situação familiar de animosidade muito maior do que já tinha ficado explicitada, com a mudança de Harry e Meghan do Palácio de Kensington, onde compartilhavam o mesmo espaço, dividido entre palacetes e acomodações um pouco menos suntuosas, com William e Kate.

    Agora, o Evening Standard diz que Harry não aceitou sequer receber uma visita do irmão quando este tentou visitá-lo na casa nova – reformada ao custo de mais de 10 milhões de reais para o contribuinte.

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    É esta casa, Frogmore Cottage, que o casal vai manter para “ter um lugar para chamar de lar” quando condescenderem em visitar o reino para o qual estão dando bye bye, uma espécie de banana metafórica.

    Também pretendem manter a polpuda anuidade que Charles paga para bancar as despesas não oficiais dos dois filhos, um dinheiro vindo dos produtos orgânicos cultivados no Ducado da Cornualha, uma propriedade gigantesca que é herança particular do herdeiro do trono.

    Não é à toa que Charles está “vermelho de raiva” com o filho, uma expressão repetida por todas as fontes que emanam da família.

    A ruptura de Harry e Meghan acontece num momento muito ruim para o futuro rei.

    Nunca um herdeiro esperou tanto pelo trono e Charles, aos 71 anos, está mergulhado no processo de alta sensibilidade de assumir progressivamente funções da mãe, com base no princípio de que nem Elizabeth II vai viver para sempre ou continuar a exercê-las plenamente.

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    Até a morte da ex-mulher, adorada pela opinião pública, já estava sendo absorvida pelo tempo.

    A rejeição a Camilla, a amante que passou a perna em Diana, foi diminuindo e cada vez mais parece mais absurda a ideia de que ela não seja a rainha consorte, com todos os atributos, quando o marido assumir o trono (para não ofender os defensores da memória de Diana, ela nunca usou o título de princesa de Gales, embora tecnicamente tenha direito a ele).

    Charles mantém uma equipe de assessores para reforçar sua imagem de homem culto, ilustrado, uma espécie de rei-filósofo dos tempos atuais, comprometido com todos os aspectos da vida do reino, em especial a preservação ambiental, assunto no qual foi um pioneiro.

    Também foi dele a ideia de “limar” a quantidade de integrantes da família real com direito a mordomias oficiais e concentrar o foco nele, como próximo rei, e nos dois filhos, seu sucessor Wiiliam, o certinho, e Harry, o garotão ruivo que era tão querido pela plebe.

    Charles passou o facão, sem piedade, no próprio irmão, Andrew, enredado pela amizade autodestrutiva com Jeffrey Epstein, o milionário americano que cultivava famosos de uma certa idade e um harém de adolescentes colocadas a serviço próprio e dos “amigos”.

    A crise de Harry e Meghan já vinha sendo escrita, ilustrada por explosões emocionais do príncipe, convencido de que a mulher não só vinha sendo perseguida, como poderia acabar como Diana.

    Muitas famílias comuns conhecem a situação. Um filho querido se apaixona por uma mulher, o casal forma uma unidade muito fechada que se afasta dos outros familiares, alimentando queixas que o isola mais ainda, por motivos reais ou exagerados pela percepção de rejeição.

    Vira um círculo difícil de quebrar.

    A família real não tem nada de comum, tanto em privilégios quase inimagináveis quanto no senso de dever que é incutido a seus membros e representado, num exemplo único, pela própria rainha.

    A ideia de que Harry e Meghan mandaram para o espaço este senso de dever, preferindo um estilo de vida de celebridades do mundo do show business – mas sem abrir mão do título baseado no qual pretendem buscar uma vida “financeiramente independente” – é o que provoca reações negativas.

    Isso e o desaforo para a rainha.

    Um desaforo que Elizabeth II já mostrou que não vai levar em silêncio para o palácio.

    A velhinha também sabe cuspir fogo.

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