Para um país que tudo vê e tudo sabe, pois sua sobrevivência depende disso, a campanha sem precedentes lançada pelo Hamas contra Israel na madrugada de hoje é um escândalo.
Nesse momento gravíssimo, obviamente, ninguém está sendo cobrado, mas quando isso acontecer, haverá enormes repercussões.
Como é possível que o Hamas tenha organizado o maior ataque de todos os tempos feito pela facção islamista sem que toda a enorme infraestrutura de inteligência de Israel se desse conta?
Os números iniciais são espantosos: 40 mortos, quase 800 feridos, 52 civis e militares tomados como reféns. Para dar uma ideia, a tomada de um único militar como refém muda todo o protocolo de atuação das Forças de Defesa de Israel. E agora, o que está acontecendo com as espantosas quantidades de israelenses presos por um inimigo que não age segundo as leis de guerra?
Até a cerca de segurança que isola o Hamas em Gaza foi derrubada, facilitando a infiltração em massa.
Esse golpe é do tipo que derruba o alto comando e até o governo. Os eventuais responsáveis responderão por seus erros, mas é impossível deixar de pensar que os israelenses judeus estavam ocupados demais em guerrear entre si, com gigantescas e diárias manifestações contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e importantes quantidades de reservistas avisando que não iriam mais cumprir suas periódicas obrigações militares por motivos políticos, considerando que havia um projeto antidemocrático.
Enquanto o Hamas se preparava, em esferas que evidentemente escaparam aos serviços israelenses, os judeus brigavam. Discutiam até se estava certo uma atriz espetacular como Helen Mirren interpretar a primeira-ministra Golda Meir, por não ser judia. O filme mostra momentos dramáticos da Guerra do Yom Kippur, desfechada na surdina em 6 de outubro de 1973. Por muito pouco, Israel não acabou. A resistência heróica, com golpes de sorte de última hora, salvou o país.
Quatro meses depois, Golda Meir, a mulher que em vários sentidos havia salvo o país, perdeu o governo.