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Universidades americanas: assessoria de protestos a 300 dólares a diária

Comida vegana ou sem glúten para acampamentos e oferta do Irã a estudantes expulsos aumentam o surrealismo de protestos

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 15h12 - Publicado em 3 Maio 2024, 07h54

Não existe assunto mais sério no mundo hoje: a explosão de antissemitismo, sem nenhum disfarce, que está no cerne dos protestos que se disseminam pelas universidades americanas.

Mas é difícil não dar risada de como a geração Z, com todos os seus incontáveis privilégios, promove as fantasias de revolucionários que pedem comida vegana, sem glúten ou sem castanhas, para acomodar os modismos alimentares às exigências de que Israel atenda às suas demandas sobre a forma adequada de combater o Hamas (autoeliminando-se, claro).

Quer protestar mas ainda não sabe exatamente como? Basta contratar os serviços de alguém como Lisa Fithian, uma agitadora profissional de 63 anos. Ela está no ramo há décadas e chegava a cobrar 300 dólares de diária para a assessoria a sindicatos e outros interessados em seus conhecimentos.

Foi vista recentemente em Istambul, treinando a frota de embarcações que pretendia levar suprimentos a Gaza.

Parece piada, mas é evidente que os universitários têm profissionais que os orientam, proclamam as palavras de ordem fielmente repetidas – uma característica das manifestações americanas – e orientam a formação de correntes humanas para intimidar eventuais manifestantes do lado contrário.

“RECORDE COMUNISTA”

Mas também há os amadores, ainda se iniciando nas artes dos protestos, como a incrivelmente chamada Johannah King-Slutzky. A estudante de 33 anos pediu “ajuda humanitária” aos colegas que haviam tomado um prédio administrativo em Columbia e disse que eles podiam “morrer de desnutrição e desidratação”.

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Disse o site satírico Babylon Bee que, excepcionalmente, faz piadas com a esquerda: “A história se repete e comunistas ficam sem comida”.

“Demorou apenas doze horas antes de acabar a comida, estabelecendo um novo recorde comunista para o colapso da cadeia de abastecimento”

Apenas um pouco menos engraçado do que o ramo de pesquisas a que a veterana estudante se dedica: “Teorias da imaginação e da poética interpretadas através de lentes marxianas para atualizar e propor uma alternativa à crítica historicista ideolêogica da imaginação romântica”.

Mais um pouco disso, e as Forças de Defesa de Israel assinam a rendição incondicional ao Hamas.

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Na UCLA, os novos revolucionários pediram que voluntários levassem comida vegana, sem glúten, sem castanhas e sem a indesejável presença de bananas, todos perigosos para os alérgicos membros das jovens gerações.

PANCADAS NA CABEÇA

Nada, em termos de ironia, se compara à oferta de vagas feitas pelo reitor da Universidade de Shiraz, Mohammad Moazzeni, para que os jovens expulsos ou ameaçados de expulsão por protestarem em áreas impróprias ou ameaçarem estudantes “sionistas”. A universidade ocupa o lugar número 681 no ranking mundial QS.

A oferta foi feita poucos dias depois que a BBC divulgou um documento secreto, feito pelos próprios órgãos de segurança, mostrando como a jovem Nika Shakarami foi morta a pancadas de cassetete na cabeça na traseira de uma viatura da Guarda Revolucionária.

Os três algozes que a espancaram deram depoimentos detalhados. Um deles negou abuso sexual, embora os outros tenham visto quando enfiou a mão por dentro da calça da adolescente. Ele reconheceu apenas que ficou “excitado” quando estava sentado sobre o corpo dominado de Nika, uma garota que gostava de roupas modernas e tinha o cabelo de duas cores – poderia, facilmente, estar entre os universitários americanos de cabelo roxo ou verde que dão vivas ao Hamas e ao Irã.

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Ela protestava contra a obrigatoriedade do uso do véu na cabeça, na explosão de revolta de 2022, depois que uma jovem, presa por deixar mechas do cabelo aparecer, foi morta sob custódia – exatamente como viria a acontecer com Nika.

PERVERSÃO MORAL

Dá para acreditar que um regime que faz isso com mulheres seja celebrado na elite das universidades americanas?

“Não podemos permitir que esse assunto saia da atenção da opinião pública mundial e a pressão contra o regime sionista deve aumentar dia a dia”, diz um documento vazado do serviço de inteligência da Guarda Revolucionária iraniana.

Espantosamente, está funcionando. No coração da elite da inteligência mundial, Hamas, Hezbollah e Irã são celebrados em nome da solidariedade à população de Gaza, numa perversão política e moral sem precedentes na história das manifestações universitárias. Quando jovens que protestavam contra a Guerra do Vietnã celebravam o comunista Ho Chi Minh, as violências maiores cometidas pelos revolucionários norte-vietnamitas ainda estavam por acontecer.

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“Assistimos horrorizados as atrocidades de 7 de outubro contra Israel serem celebradas e justificadas”, disse ontem o presidente de Israel, Isaac Herzog, que vem da centro-esquerda. “Vemos instituições acadêmicas proeminentes, saguões da história, da cultura e da educação, contaminadas pela arrogância e a ignorância”.

Ignorância é força, disse George Orwell, tão presciente na sua distopia que continua a nos deixar pasmos. Mais do que nunca quando a fina flor da juventude manda os judeus “voltar para a Polônia” e invoca o Al Qassam, a milícia armada do Hamas, “nos dê orgulho, mate um soldado” israelense.

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