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Murillo de Aragão

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De fatos e ficção

O papel da verdade, das meias verdades e das mentiras

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 11h42 - Publicado em 12 jun 2022, 08h00
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  • (FILES) In this file photo taken on October 28, 2018 A Brazilian woman votes at a polling station during the second round of the presidential elections, in Rio de Janeiro, Brazil. - A UN rapporteur warned on April 8, 2022 that political violence is "destroying democracy" in Brazil and urged authorities to take measures to guarantee a safe environment during the October elections. (Photo by DANIEL RAMALHO / AFP)
    Uma mulher vota em uma estação de votação durante o segundo turno das eleições presidenciais em 2018 no Rio de Janeiro -  (Daniel Ramalho/AFP)

    Na política, a verdade e a mentira, exatamente como as taxas de juros futuros, são cotadas diariamente a partir de fatos e interpretações. E assim são compradas e consumidas. O processo é histórico. A política desde sempre é preparada como uma refeição cujos ingredientes transformam o prato a ser servido à opinião pública em uma espécie de feijoada de factoides — composta de verdades, mentiras, mentiras sinceras e meias verdades.

    Nem sempre, contudo, ganha a melhor feijoada. Isso porque o júri tem padrões de julgamento carregados de preconceitos e de expectativas que norteiam o seu veredicto sobre o que lhe é servido. Tampouco a verdade leva vantagem nessa história, já que ninguém aguenta tantas verdades.

    A mentira tem o papel sociológico de conter conflitos e evitar certas situações. Ou, como disse Nietzsche, a mentira é uma necessidade para que possamos viver e superar as dificuldades apresentadas pela realidade. E, como disse T.S. Eliot, a humanidade não suporta tantas realidades.

    “Como cidadãos queremos ouvir o que gostaríamos de ouvir e da maneira que nos apetece”

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    No preparo da política e na expressão de seus resultados, os preconceitos existentes são ressaltados ou minimizados de acordo com a cotação do momento das verdades e das mentiras. Na imprensa, tal fenômeno é conhecido como agendamento e enquadramento — escolhemos o que queremos falar e como falar. Na política é a mesma coisa. E também como cidadãos queremos ouvir o que gostaríamos de ouvir e da maneira que nos apetece.

    Esse desejo de se satisfazer com o que vem da política provoca, em períodos pré-eleitorais, um desfilar de fatos e ficções. E lembra a espetacular declaração de Bill Clinton de que ele experimentou a maconha que um dia lhe ofereceram, mas não tragou. Nos trens-fantasma dos parques de diversão do passado, a técnica funcionava bem. Um pequeno vagão de verdade transitava então por trilhos de verdade e o passageiro era assustado por fantasmas de mentira que subitamente apareciam no trajeto.

    O Brasil, onde a busca do melhor para dirigir o país foi transformada em uma corrida pelo menos pior, vive um momento especial para o analista. É como se o país fosse um bufê a quilo em que só existissem, de fato, duas opções. Na corrida pelo menos pior, a mentira está valendo mais do que a verdade. Até pela escassez de explicadores que não tenham parti pris.

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    O que fazer? É difícil aconselhar em um momento como este, já que qualquer coisa que se diga terá fundamentos em uma realidade que muitos não querem ver. Já outros se alimentam das sensações geradas pelo trem-fantasma dos parquinhos e são tocados pelas emoções de segunda classe, que levam a conclusões precipitadas.

    No fim das contas, fato, ficção, verdade e mentira estão servidos misturados à mesa da política nacional. Só nos resta especular, no sentido clássico do termo. Primeiro, identificando o que é joio e o que é trigo. Depois, separando-os, para fazer do trigo o melhor pão, mas com a certeza de que o resultado não será o ideal. Por fim, ter a certeza de que nós, como cidadãos, também temos de pôr a mão na massa para evitar o pior.

    Publicado em VEJA de 15 de junho de 2022, edição nº 2793

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