
A Pentarquia é um termo utilizado para se referir a um sistema de governo ou regime em que o poder está concentrado em cinco autoridades ou líderes distintos. O conceito é baseado no princípio de partilha de poder entre cinco pessoas, grupos ou entidades que, juntos, formam um órgão colegiado ou uma estrutura de poder governamental. É o caso brasileiro.
No contexto político brasileiro contemporâneo, a ideia de uma “pentarquia” busca explicar a dinâmica do poder através da interação entre cinco forças institucionais e políticas que, embora distintas, compartilham o protagonismo na condução do Estado e da sociedade. Não se trata de uma estrutura formalizada, mas de uma configuração fática do poder, onde o equilíbrio entre essas forças define os rumos do país.
Com a posse de Gabriel Galípolo no Banco Central, no início do ano, e as eleições de Davi Alcolumbre e Hugo Motta para o comando do Senado e da Câmara, temos a formação da nova pentarquia que comanda o país, tanto pelos aspectos executivos quanto legislativos e judiciários. É um quadro complexo de distribuição de poder. Todos os pentarcas detêm muito poder e, muitas vezes, uns atropelam os outros. A pentarquia é completada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Tendo, ainda, a influência decisiva do mercado financeiro e do agronegócio, pelo setor privado, e do poderoso Ministério Público.
“O planeta vive tempos de imensa turbulência e de construção de uma ordem mundial diferente. Isso exigirá muita perícia”
O momento de recomposição da pentarquia brasileira ocorre em meio a sérias tensões institucionais e conflitos entre os poderes. O Executivo disputa com o Legislativo utilizando o Judiciário, enquanto o Legislativo ameaça retaliar ambos os poderes, enviando uma mensagem de independência através de seus novos presidentes. Porém, caso a situação de descredibilidade fiscal e econômica prossiga, os pentarcas terão que buscar uma agenda emergencial para o país. Considerando o histórico de desunião institucional, disputas, a precária leitura da realidade por parte do governo e a prevalência de interesses corporativistas públicos e privados, o caminho adiante não será tranquilo para os líderes mencionados nem para o país.
A troca de amabilidades na semana da posse dos novos presidentes do Congresso não elimina a existência de agendas muito complexas e delicadas, importantes divergências e que refletem a disputa de 2026. Além das questões internas, o planeta está vivendo tempos de imensa turbulência e de construção de uma nova ordem mundial. O que exigirá muita perícia, diálogo e, sobretudo, leitura adequada dos novos tempos e senso de urgência para enfrentar os problemas.
Publicado em VEJA de 7 de fevereiro de 2025, edição nº 2930