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Lula: confronto e moderação

A estratégia polarizadora do presidente embute altos riscos

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jul 2025, 11h03 - Publicado em 4 jul 2025, 06h00

Ao adotar um discurso kirchnerista do tipo “nós contra eles”, o presidente Lula revela uma estratégia política calculada, porém repleta de riscos. O objetivo é claro: consolidar a imagem da direita como defensora exclusiva dos ricos, para garantir uma base eleitoral sólida à esquerda e assegurar sua passagem ao segundo turno das eleições em 2026. A estratégia prevê dois momentos distintos. No primeiro, prevalece o discurso de confrontação, que mobiliza a base e garante o acesso ao segundo turno. Depois, predomina a mudança de tom, com acenos calculados à Faria Lima e ao agronegócio — setores relevantes para a estabilidade econômica e decisivos no período eleitoral. Assim, ironicamente, caso chegue ao segundo turno, Lula adotará o discurso “paz e amor” e terá de buscar o apoio de quem ele hoje ataca.

Em 2022, como em outras vezes, esse roteiro se mostrou eficaz, quando o discurso inicialmente radical foi oportunamente moderado. Em gestos a favor de uma “frente ampla”, Lula convenceu próceres do mercado financeiro, os quais, depois, em compungida autocrítica, se arrependeram da sanção dada. Essa abordagem apresenta, contudo, vulnerabilidades significativas. A narrativa pode afastar eleitores moderados que, sem se identificarem com o bolsonarismo, também rejeitam antagonismos simplistas. Ao apostar na divisão, ele limita o próprio alcance em uma parcela da sociedade que pode ser decisiva em uma eleição acirrada. A Faria Lima também possui capacidade considerável de criar obstáculos. Sua influência transcende o aspecto econômico direto, moldando expectativas e percepções. No limite, o desempenho econômico será crucial. Se os atuais indicadores começarem a deteriorar, Lula enfrentará dificuldades adicionais para justificar sua reeleição perante um eleitorado cético quanto ao futuro do país.

“Ao apostar na divisão, ele limita o próprio alcance em uma parcela da sociedade que pode ser decisiva”

No âmbito interno, dois fatores merecem destaque. O protagonismo excessivo e atabalhoado de Janja tem gerado mais prejuízos que benefícios, provocando ruídos dentro e fora do governo. Simultaneamente, o ministério parece mais focado em projetos políticos individuais — sobretudo em nível estadual e tendo em vista o cenário pós-Lula — do que no sucesso imediato da gestão presidencial. A estratégia polarizadora pode assegurar a Lula uma vaga no segundo turno, mas carrega riscos. O desafio será navegar entre a mobilização da sua base e a necessidade de ampliar o apoio, considerando, em especial, as pressões do mercado financeiro, as incertezas econômicas e os desgastes provocados por aliados que nem sempre agem em sintonia com os interesses presidenciais.

O sucesso dessa tática dependerá, em última análise, da capacidade de Lula de perceber, com precisão, o momento da transição do discurso demagógico e de confrontação para o apelo moderado, sem perder — mais ainda — a já abalada credibilidade entre segmentos do eleitorado, tendo em conta também que estará contratando previamente uma mágoa com os setores produtivos, que, adiante, podem lhe negar decisivo apoio. Vale recuperar a evidência de que uma expressiva maioria do eleitorado já está saturada da polarização, o que se revela tanto no esvaziamento das manifestações em favor de Jair Bolsonaro quanto na decadente taxa de aprovação de Lula. Ambos parecem velhos mágicos que repetem o mesmo truque para uma plateia cansada.

Publicado em VEJA de 4 de julho de 2025, edição nº 2951

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