Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

O dia depois da catástrofe

Políticas públicas e conscientização podem salvar vidas

Por Murillo de Aragão Atualizado em 3 jun 2024, 16h55 - Publicado em 11 Maio 2024, 08h00

Em janeiro de 1966, o Rio de Janeiro enfrentou uma das piores enchentes de sua história. As intensas chuvas fizeram os rios transbordar, inundaram a cidade e causaram imensos transtornos aos cariocas. O temporal de cinco dias resultou em mais de 200 mortes e deixou 50 000 pessoas desabrigadas. Pelo menos em outras duas ocasiões nas últimas décadas, as tempestades no Rio de Janeiro deixaram um rastro de destruição, culminando em mortes e deslizamentos. Agora temos uma sequência de eventos climáticos no Rio Grande do Sul. As chuvas deste ano destruíram parte significativa da infraestrutura urbana, e este já é o quarto desastre climático a atingir o estado em menos de um ano.

Que lições devemos tirar desses episódios recorrentes? Algumas observações são óbvias: uma delas é a necessidade de um planejamento urbano mais eficaz. Cidades devem ser projetadas com sistemas de drenagem adequados, áreas de retenção de água capazes de suportar volumes extremos de água. Populações em áreas de risco devem ser removidas e recolocadas em condições adequadas. É essencial fortalecer e aplicar rigorosamente as leis ambientais que regulam o uso do solo e a construção em áreas de risco.

A desobediência a essas leis muitas vezes agrava a vulnerabilidade das comunidades. Nossa narrativa ambiental é colonizada pelas expectativas de ONGs e de governos de fora. Não há, por exemplo, interesse e engajamento das autoridades ambientais nem das ONGs nas questões que envolvem o uso do solo urbano, a ocupação irregular de áreas das periferias, as políticas de saneamento, entre outros temas.

“O Brasil, como um aluno preguiçoso e desinteressado, infelizmente não aprende com a sucessão de desastres”

A conscientização sobre os riscos de enchentes e sobre as medidas preventivas possíveis pode salvar vidas. Programas educativos que ensinem a população a reagir durante uma enchente ou deslizamentos são essenciais. Infelizmente, não existe uma estratégia de comunicação por parte dos governos que abarque temas como prevenção.

Continua após a publicidade

Sistemas de alerta precoce e de monitoramento meteorológico avançado também são fundamentais para prever eventos climáticos extremos e permitir uma resposta rápida. Melhorar a coordenação entre governos locais, estaduais e federais, assim como entre setores públicos e privados, é outro quesito indicado para uma resposta eficaz e integrada a desastres.

As autoridades devem fortalecer a resiliência das comunidades, por meio de treinamentos, simulações de evacuação e formação de brigadas de emergência locais, pode melhorar a resposta a desastres e reduzir os prejuízos e as mortes. O Orçamento da União e dos estados deve prever programas robustos de apoio às vítimas, incluindo assistência financeira e psicológica, além de programas de reconstrução e infraestrutura, visando à recuperação das comunidades afetadas. O Brasil, como um aluno preguiçoso e desinteressado, infelizmente não aprende com a sucessão de desastres climáticos. O pior de tudo é que outros virão, certamente em proporções ainda maiores. Aprender com esses eventos e implementar mudanças significativas nas políticas públicas relacionadas a tragédias climáticas e ambientais é vital para proteger nossa população.

Publicado em VEJA de 10 de maio de 2024, edição nº 2892

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.