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Murillo de Aragão

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O momento é de pragmatismo

A falta de comunicação mantém o ambiente tenso entre os dois países

Por Murillo de Aragão Atualizado em 1 ago 2025, 14h59 - Publicado em 1 ago 2025, 06h00

Novamente o desafio da coluna semanal se impõe diante do volume de acontecimentos que se sobrepõem no âmbito da crise entre Estados Unidos e Brasil. Dois episódios marcaram o momento em que escrevo: a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e as exceções ao tarifaço divulgadas pelo governo americano. A primeira questão era amplamente esperada. A delegação de senadores brasileiros que esteve em Washington já havia recolhido informações de que a decisão sobre a aplicação da lei estava na mesa de Trump. Havia, inclusive, rumores de que mais dois ministros do STF seriam atingidos.

O uso da Lei Magnitsky é absolutamente inédito contra um país institucionalmente estabelecido. Por mais que se discorde das decisões de Moraes, trata-se de uma agressão institucional aplicar essa legislação sobre um membro do nosso Supremo. O precedente é grave e merece reflexão sobre seus desdobramentos. Já a concessão das isenções ao tarifaço não constitui apenas mérito do governo brasileiro. Prevaleceu a força dos interesses econômicos americanos que se organizaram e alertaram sobre os sérios prejuízos que a taxação traria à própria economia dos Estados Unidos.

“Interessados em boas relações comerciais devem continuar atuando para estabelecer canais de diálogo”

O caso da Embraer ilustra perfeitamente essa dinâmica: a empresa já vendeu mais de 700 aeronaves comerciais para os Estados Unidos e continua vendendo. Dois terços da produção de jatos executivos da companhia visam ao mercado americano. Nesse contexto, os interesses de lá são tão vitais quanto os de cá. A situação se repete em outros setores. Curiosamente, café e carne bovina — principalmente para hambúrguer — ainda não foram beneficiados com exceções. São produtos essenciais da dieta americana que ficarão significativamente mais caros, criando pressão inflacionária direta sobre o consumidor de lá. Assim, a quarta-feira passada trouxe ao Brasil notícias contrastantes: péssimas no campo institucional, com a sanção ao ministro, relativamente positivas no campo comercial, considerando o cenário anterior.

Existem, contudo, aspectos fundamentais a considerar. Até agora, Trump não colheu vitória retumbante alguma. O Brasil seguiu com suas posições, o STF reafirmou independência e não houve recuo em temas como o da regulação das big techs. Um aspecto preocupante é que o Brasil se encontra crescentemente isolado.

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Ninguém quer se indispor com Donald Trump, muito menos por conta do Brasil, cuja política diplomática considero perigosamente espalhafatosa. Mesmo no âmbito do Brics, a solidariedade foi baixíssima. Deve-se destacar positivamente que nosso chanceler, Mauro Vieira, foi recebido pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio. Isso indica que, ao menos, um canal oficial de alto nível permanece aberto para conversações — elemento fundamental para eventual distensionamento. A prudência indica que é cedo para comemorar ou apontar vitoriosos. Aqueles interessados em boas relações comerciais, financeiras e militares devem continuar atuando para estabelecer canais de diálogo. Considerando o perfil dos líderes dos dois países e a potencialidade explosiva das agendas em disputa, o quadro permanecerá tenso. De nosso lado, contenção e pragmatismo deveriam ser a tônica — qualidades nem sempre evidentes na condução recente de nossa política.

Publicado em VEJA de 1º de agosto de 2025, edição nº 2955

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