Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

O que está ruim pode piorar

A política externa precisa deixar de ser romântica e amadora

Por Murillo de Aragão Atualizado em 18 jul 2025, 16h51 - Publicado em 18 jul 2025, 06h00

Nos tempos de hoje, é um imenso desafio escrever uma coluna semanal a poucos dias de sua publicação. Dadas as circunstâncias, entre o momento em que escrevo e a distribuição da revista, novos fatos podem surgir em velocidade avassaladora. A ameaça do tarifaço americano já causa problemas graves e nos pega absurdamente despreparados. Os sinais estavam claros: exemplos anteriores dos Estados Unidos com outros países. Do nosso lado, as ameaçadoras declarações sobre a possibilidade de se criar uma moeda única contra o dólar, a leniência do Brasil com o Irã, entre outros aspectos, criaram zonas de atrito com os Estados Unidos.

O Brasil, no entanto, não interpretou os sinais nem se movimentou de forma estratégica. Em um Brics esvaziado, o país assumiu o papel de liderar o movimento pela moeda do Brics, revelando uma inocência incompatível com a real importância do Brasil e seus interesses nacionais. Enquanto nos queimamos, a China negocia com Trump, se fazendo de desentendida no caso da moeda única. Já a Rússia foi mais clara: apontou o dedo para o Brasil como idealizador do movimento.

Obviamente — e não precisa ser um Oswaldo Aranha para perceber — que o momento exige muita cautela e pragmatismo. Trump deveria ter calculado que sua decisão poderia ajudar o presidente Lula, pelo menos momentaneamente, e prejudicar ainda mais seu aliado Jair Bolsonaro. Mas o despreparo não foi exclusivo do governo. A oposição também foi pega de surpresa, e houve uma clara divisão de narrativas no campo da centro-­direita e da direita. A dividida oposição foi capturada pelos interesses pessoais do ex-presidente ao invés de se orientar pelo prejuízo comercial que já está ocorrendo.

“O governo sacode argumentos débeis frente ao que pode ser a maior crise comercial de nossa história”

No momento, o presidente Lula se beneficia do mix do discurso “nacionaleiro” com a retórica do “nós contra eles” — e que está proporcionando algum alívio à sua popularidade. Porém, ainda não sabemos o tamanho do estrago político que a disputa com os Estados Unidos pode causar, pois os danos econômicos ainda não estão claros e todos sabem que, eleitoralmente, a questão econômica será decisiva. As exportações estão sendo suspensas. Financiamentos e investimentos estão sendo cancelados. E o governo, do alto de seu amadorismo, sacode argumentos débeis frente ao que pode ser a maior crise comercial de nossa história desde o crash de 1929.

Continua após a publicidade

O acomodado setor privado sempre achou que o relacionamento com os Estados Unidos prosseguiria no piloto automático. Não é assim que funciona. Já a diplomacia se pauta pelas rusgas terceiro-mundistas de sempre, ancoradas no século passado. A defesa dos interesses do Brasil deve deixar de ser figura de retórica de embaixadas esvaziadas por parcos recursos e limitações ideológicas e se mirar em exemplos de países que atuam pragmática e intensamente nas capitais do mundo.

Enfim, o Brasil deve deixar de ser romântico e amador em política externa, elaborar cenários, medir palavras e atitudes, pensar nas consequências e, sobretudo, abrir canais de negociações. O momento exige rara precisão e equilíbrio dos atores políticos. Não é hora de arroubos, arreganhos, bravatas e lacrações retóricas. O que está ruim pode piorar muito mais se o Brasil não souber agir de forma pragmática, prudente e eficiente.

Publicado em VEJA de 18 de julho de 2025, edição nº 2953

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 28% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 10,00)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 39,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.