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Negócios, Mercados & Cia

Brasil é um nanico na globalização

A guerra tarifária global decretada por Donald Trump é irrelevante para um País que já está isolado por suas próprias políticas

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 abr 2025, 08h00

O Brasil é uma das economias mais fechadas do mundo, com exportações representando apenas 20% do PIB, enquanto a média global é de 30%. O País mantém tarifas médias de importação de 11,2%, chegando a 35% em setores como automóveis, além de barreiras não tarifárias sobre 86,4% dos produtos importados. Esse protecionismo, necessário em algum momento, acabou por sufocar a competitividade e elevar os custos para consumidores e empresas. Como a Moody’s destacou em estudo, “o Brasil depende muito do mercado interno, o que ajuda em crises globais, mas limita sua produtividade e inovação

Embora o governo brasileiro tenha reagido recentemente às tarifas impostas pelos Estados Unidos, o impacto direto nesse caso tende a ser pequeno. As exportações para os EUA representam apenas 1,7% do PIB brasileiro. Economistas ressaltam que o verdadeiro problema não está no comércio exterior, mas na estrutura econômica interna, que significa um entrave à competitividade global e amplifica choques externos sobre inflação e  juros. Completa um banqueiro: “Guerra tarifária, não vejo problema, Brasil é um nanico no comércio mundial, com uma economia muito fechada.”

O maior desafio doméstico é a política monetária e fiscal. Com a taxa Selic em 14,25% ao ano, o Brasil tem o segundo maior juro real do mundo (9,18%), o que desestimula investimentos produtivos e encarece o crédito. Além disso, o déficit nominal projetado para 2025 é de 8,6% do PIB, o segundo maior entre as economias emergentes. Esse cenário reflete uma política fiscal expansionista, fato ignorado pelos Três Poderes da República: enquanto o Executivo amplia gastos via subsídios e programas sociais com pouco controle, o Legislativo aprova emendas parlamentares sem contrapartida fiscal e o Judiciário toma decisões que pressionam ainda mais as contas públicas.

O protecionismo também gera distorções econômicas graves. Produtos como eletrônicos e veículos custam até o dobro no mercado interno devido às altas tarifas. A participação da indústria no PIB caiu de 36%, em 1985, para apenas 14% atualmente. Segundo o Wall Street Journal, “o Brasil é um exemplo dos efeitos negativos do protecionismo: altos custos para consumidores e baixa produtividade industrial”. Essa situação contrasta com a de países como México e Chile, que possuem economias mais abertas e déficits fiscais menores (abaixo de 4% do PIB).

Ao fim e ao cabo, enquanto a guerra tarifária global domina os debates internacionais, os problemas reais do Brasil são internos: inflação fora da meta, juros altíssimos e uma política fiscal descontrolada. O protecionismo histórico apenas reforça essas fragilidades. Para crescer de forma sustentável, o País precisaria abandonar seu isolamento econômico e enfrentar seus gargalos estruturais. Caso contrário, continuará preso a ciclos de baixo crescimento e vulnerável a choques externos. Com voos de galinha.

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