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Negócios, Mercados & Cia

Como a alta da Selic redefine os ganhos financeiros no Brasil

Com a Selic nas alturas, investidores de renda fixa celebram lucros recordes, enquanto a economia real enfrenta desafios

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 Maio 2025, 08h00

O termo rentista designa o investidor que vive predominantemente de rendimentos, especialmente de aplicações financeiras, como títulos públicos, CDBs e fundos atrelados à taxa de juros. Ao contrário do empreendedor ou do trabalhador assalariado, o rentista não depende da produção de bens ou serviços para obter renda: seu capital trabalha por ele, gerando juros em ciclos de alta da Selic, como ocorre atualmente no país.

Com a elevação da Selic para 14,75% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na quarta-feira, 07, o ambiente financeiro tornou-se ainda mais favorável aos rentistas. “Em um país onde a renda fixa é tradicionalmente valorizada, o investidor conservador volta a ser o grande beneficiado”, avalia um banqueiro da Faria Lima, centro financeiro de São Paulo.

Não por acaso, a renda fixa segue acumulando captações líquidas expressivas. Em 2024, o segmento registrou captação líquida acumulada de R$ 243 bilhões, a melhor performance da indústria, enquanto fundos multimercados tiveram saídas de R$ 356,7 bilhões e fundos de ações também apresentaram saldo negativo de R$ 10 bilhões no ano, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). Dados recentes mostram que, se um rentista investisse no Brasil com as taxas dos últimos cinco anos, dobraria seu patrimônio em cerca de 11 anos; enquanto nos Estados Unidos o mesmo processo levaria dez vezes mais.

Os principais instrumentos utilizados pelos rentistas no Brasil são títulos públicos federais (Tesouro Direto), CDBs, debêntures e fundos de investimento em renda fixa. Segundo informações da Secretaria do Tesouro Nacional, a dívida pública federal fechou 2023 em R$ 6,52 trilhões. Entre os maiores detentores da dívida interna estão instituições financeiras (29,67%), fundos de investimento (23,53%) e fundos de previdência (22,99%). Esses grupos concentram uma parcela significativa dos rendimentos provenientes do pagamento de juros pelo setor público.

O impacto do rentismo na economia é controverso. Entre os pontos positivos destacados por analistas estão a segurança e previsibilidade para o investidor, além da garantia de liquidez ao governo para financiar suas operações. Por outro lado, a elevada remuneração do capital financeiro pode desestimular o investimento produtivo, dificultar a geração de empregos e ampliar a concentração de renda. O ciclo de juros altos transforma o Brasil em um “paraíso dos rentistas”, drenando recursos que poderiam ser destinados à inovação, infraestrutura e políticas sociais, segundo especialistas do mercado financeiro.

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