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Negócios, Mercados & Cia

Lula e a economia: um adolescente ao volante

A recente decisão do governo sobre a contenção de gastos reflete a falta de consenso sobre o enfrentamento da dívida pública

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 dez 2024, 11h11 - Publicado em 2 dez 2024, 08h00

A imagem foi feita por um banqueiro de São Paulo na sexta-feira passada, depois de o dia fechar com o dólar na casa dos 6 reais (valor nominal histórico) e com as projeções no mercado financeiro convergindo para uma alta de 0,75 ponto porcentual (e não mais de 0,5 ponto) da Selic na próxima reunião do Copom, nos dias 10 e 11 deste mês. “Imagine um adolescente que, após uma noite de festa, decide pegar o carro e acaba batendo ao voltar para casa. Ao chegar, enfrenta a bronca de seus pais, mas a consequência máxima é não poder dirigir até o domingo da semana seguinte.”

O adolescente, no caso, é o presidente Lula, responsável em última análise pela escolha das medidas incluídas no recente pacote fiscal — e responsável também pela decisão de antecipar o anúncio de isenção do IR para quem ganha até 5.000 reais. Ou seja, a promessa era apresentar um conjunto consistente de medidas para a consolidação do arcabouço fiscal, mas a ala política do governo deu um jeitinho de enfiar no pacote “uma notícia positiva”. O mercado torceu o nariz para o conjunto da obra, e o que se viu foi uma piora generalizada em diversos indicadores. O carro desgovernado do governo, mais uma vez, atropelou as boas intenções da equipe econômica.  

A avaliação no mercado é de que há o risco de forte alta da dívida pública até 2026, fim do mandato de Lula, inviabilizando a gestão do Orçamento. “O problema é que não tem consenso. O Executivo não acha que uma dívida pública se expandindo é um problema”, avaliou outro banqueiro. Ele ressalta que essa falta de urgência em relação à questão fiscal contrasta com o consenso que existia, por exemplo, durante o Plano Real. “Sem esse entendimento compartilhado, estamos voltando a um cenário econômico semelhante ao dos anos 80 e início dos anos 90, com inflação crescente e desvalorização do real”, conclui.

Outro banqueiro, que esteve no evento da semana passada na Febraban com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou essa preocupação em relação ao pacote, agora nas mãos do Congresso Nacional: “No Congresso, nada. Pior que está não fica”.

Essa ambivalência gera incertezas e desconfiança entre investidores e analistas econômicos. “A grande mudança com o Plano Real (e só por isso que ele deu certo) é que tinha um consenso que o déficit fiscal era um problema”, explica. Esse consenso acabou. Sem ele, a economia brasileira corre o risco de repetir os erros do passado. A metáfora do adolescente ao volante não poderia ser mais apropriada: sem direção e sem responsabilidade, o futuro econômico do país pode estar à beira de outro acidente. E o mercado não perdoa.

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