Mercado vê Lula competitivo em 2026, mas reeleição não está garantida
Avaliação de banqueiros é de que interessa ao presidente manter polarização com Bolsonaro; chances diminuem se direita tiver candidato mais moderado

A revelação de uma fraude de R$ 6,3 bilhões no INSS reacendeu o debate sobre a fragilidade do governo, mas o mercado financeiro permanece dividido sobre o impacto eleitoral para 2026. Enquanto parte dos investidores reconhece a resiliência eleitoral do atual presidente da República, cresce a avaliação de que sua chance de reeleição de Lula contra governadores do centro-direita, em especial Tarcísio de Freitas, está perdendo força.
Entre os banqueiros, há quem veja Lula como nome certo no segundo turno: “Lula tem voto suficiente, independentemente do cenário para ir para o segundo turno”, avalia um deles. E reforça: “Está muito longe da eleição; até lá, ninguém vai lembrar mais do [escândalo do] INSS”. Para ele, os juros altos e a inflação fora da meta podem melhorar por circunstâncias externas. Conclui: “O problema é a bomba da política fiscal, mas isso não estoura antes da eleição”.
Essa visão reflete o entendimento de que, apesar do desgaste, Lula segue como principal nome da esquerda, enquanto a centro-direita busca um nome de consenso entre vários postulantes à Presidência.
Considerando alguns nomes que já aparecem no cenário político, como os dos governadores Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, outro banqueiro sintetiza essa percepção: “A chance de reeleição [de Lula] contra algum dos governadores é baixíssima. Única chance [de vitória de Lula] é Bolsonaro querer botar o filho”. O sentimento é de que, caso a oposição aposte em nomes mais moderados e menos polarizadores, Lula perde força e a disputa se torna mais difícil para o presidente.
Ao fim e ao cabo, o principal temor do mercado segue sendo a bomba fiscal. Apesar do desgaste com escândalos como o do INSS, é a perspectiva de deterioração das contas públicas que mais pesa contra Lula. Nesse sentido, o risco de adoção de novas medidas expansionistas para tentar recuperar popularidade preocupa investidores e banqueiros, que veem a situação das finanças públicas como insustentável a médio prazo, mas avaliam que o estouro pode ser postergado até depois das eleições.
O cenário eleitoral segue aberto, mas, para o mercado financeiro, a combinação de rejeição elevada, crise fiscal e adversários competitivos torna a reeleição de Lula cada vez mais difícil – salvo se a direita repetir uma chapa polarizadora, centrada na família Bolsonaro. A ver.