O site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) relaciona mais de 850 instituições financeiras e assets abertas no Brasil, com um patrimônio líquido de quase R$ 7 trilhões. O número inclui nomes ligados a grandes bancos tradicionais e digitais e também de gestoras independentes de investimento.
Há duas semanas, uma dessas gestoras independentes foi à bancarrota depois de perder em torno de R$ 500 milhões. Em operação desde 2017 e com escritório no Rio de Janeiro, a empresa havia sido criada por dois sobrinhos de um renomado economista brasileiro, ex-presidente do Banco Central – que colocou dinheiro próprio no negócio, embora não tivesse qualquer papel ativo na gestão. Depois disso, ela ganhou o reforço de mais quatro pessoas, sendo dois outros sócios, e atraiu alguns clientes para seus fundos.
O problema começou quando eles decidiram ignorar uma regra básica do mercado: para escapar da volatilidade, é preciso – sempre – diversificar os investimentos. Apostaram em ações de pequenas empresas estrangeiras, mas, com os solavancos da economia global, perderam parte do capital. Como não tinham margem de alavancagem, os efeitos dos erros se multiplicaram, e a gestora teve de informar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O tio, investidor, não ficou nada feliz com os sobrinhos. “Há pouco rigor para a abertura de uma gestora no Brasil”, afirma um economista renomado. “Por isso, se cria uma gestora como se fosse um restaurante.”