Por enquanto, apenas murmura-se às escondidas, e quanto mais à distância de eventuais inconfidentes tanto melhor. Mas uma vez que o povo não se rebelou, e não dá sinais de que se rebelará em defesa de Lula, só resta à esquerda insistir com o discurso do golpe ao mesmo tempo em que se prepara para disputar as próximas eleições com um ou mais de um candidato a presidente da República.
Quem pensa assim? Cabeças da esquerda dentro de todos os partidos. Em breve, algumas delas até se arriscarão a aparecer em público, mas com extremo cuidado. Depois, com mais desenvoltura tão logo o tribunal de Porto Alegre confirme a condenação de Lula. É a vida. E não há outra saída.
Faz 50 anos que parte da esquerda acreditou que o povo armado derrubaria a ditadura. Armas não há mais. Povo disposto a empunhá-las, nunca houve. À massa ignara, pois, sirvam-se brioches de vento. Reserve-se o melhor pão para ser comido mais tarde pelos que sobreviverem ao desastre.