Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Daria para ter evitado a tragédia no Amazonas

Governos ignoraram alertas científicos e demoraram a tomar medidas para conter contágio

Por Ricardo Noblat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 jan 2021, 12h04 - Publicado em 16 jan 2021, 12h00

por Editorial de O Globo (16/1/2021)

O pior aspecto da tragédia causada pelo novo coronavírus em Manaus é que ela era não apenas previsível, mas foi prevista. Desde novembro, os números de infectados e mortos por Covid-19 vêm subindo em todas as regiões, em especial no Norte do país. Os sinais de que o colapso se aproximava eram evidentes. Pacientes chegavam a todo momento a hospitais despreparados para o aumento da demanda. Alguém se preocupou com isso? Não. Todos os níveis de governo ignoraram os alertas emitidos por epidemiologistas, infectologistas e outros cientistas para o risco das aglomerações das festas de fim de ano.

O resultado não poderia ser outro que não o caos. A capital do Amazonas é hoje um microcosmo do Brasil, onde incúria, negligência, amadorismo e improviso se juntam para provocar um morticínio. Em vez de impor restrições mais duras no período de festas, o governo do estado relaxou a prevenção, aderindo à visão negacionista do bolsonarismo, que encheu as redes sociais de incentivos irresponsáveis à aglomeração. Tardiamente, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), decretou o fechamento dos serviços não essenciais, entre 26 de dezembro e 6 de janeiro. Depois de protestos da população, ele próprio permitiu a reabertura, transformando uma decisão técnica em política. Foi preciso que a Justiça, a pedido do Ministério Público, determinasse o fechamento.

Em paralelo, uma nova variante do vírus com maior facilidade de contágio se espalhou a partir do Amazonas e preocupa o mundo todo. Aqui, é ignorada pelas autoridades que deveriam proteger a saúde da população. O alerta sobre a mutação partiu do Japão, onde, em 10 de janeiro, a variante foi detectada em recém-chegados da Amazônia.

Como de praxe, a resposta do governo federal foi tíbia — e tardia. Somente no dia 11, quando o caos já estava instalado (o estado não dispõe nem sequer de oxigênio), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, desembarcou em Manaus para apresentar um plano de contingência. Atribuiu o agravamento da pandemia a toda sorte de espantalho: a infraestrutura hospitalar precária, as chuvas e uma estapafúrdia falta de “tratamento precoce”. Ora, que significa tratamento precoce, se isso inexiste? Faltava oxigênio, e uma representante do ministério queria obrigar médicos manauaras a receitar cloroquina, droga sem eficácia nenhuma.

Continua após a publicidade

Não há mistério nas medidas de prevenção: máscaras, distanciamento social, higiene das mãos, cancelamento de grandes eventos. Mas, aparentemente, a população, incentivada pelo presidente e políticos negacionistas, prefere acreditar que é tudo fantasia. Ou crê no terraplanismo da turma de Bolsonaro e Pazuello.

A tragédia que se abateu sobre Manaus no ano passado, quando as mortes mais que dobraram em virtude do vírus, deveria ter servido de alerta. Infelizmente, cometem-se os mesmos erros. Despreza-se a Ciência. Espera-se a situação se agravar ao máximo para agir. Quantos mais precisarão morrer ou ficar sem oxigênio para que as autoridades e o país aprendam?

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.